Mároio Bettencourt Resende reflecte no DN sobre o cinzentismo do PS nos dia que passam. A posição do jornalista releva de um desejo de que as vozes críticas - pretensamente existentes no partido - não se conformassem e ousassem manifestar a sua discordância com os caminhos seguidos por Sócrates. A esperança situa-se agora na próxima sessão do Forum Novas Fronteiras que permitiria "quebrar a "paz cinzenta do Reino da Rosa" e poupar o primeiro-ministro a mais uma torrente de elogios acríticos".
O PS de que MBR fala já não existe há muito tempo. O PS albanizado em que todos estão com o líder, e os que não estão não existem pura e simplesmente, nasceu e cresceu antes de Sócrates. A diferença é que este tipo de partido é o ideal para um líder como Sócrates. Um partido resumido às estruturas nacionais e aos lugares mediatizados com o nível de participação política e a importância das bases tornadas completamente irrelevantes. O que interessa é o Secretário Geral tanto mais quanto acumula o lugar com o de primeiro-ministro. É ele que dita ordens no partido num processo de democracia top to bottom em que os Presidentes das Distritais são por ele designados e por sua vez põem e dispõem das concelhias. Em regra dispõem no sentido de que as concelhias assegurem a calma no partido mesmo que para isso tenham que reduzir a actividade politica local a zero.
Estruturas como as Novas Fronteiras -uma irrelevância política frequentada por bajuladores dos méritos do Governo e do Secretário Geral - servem para dar uma imagem de dinamismo e abrangência onde só existe unanimidade, carreirismo e subserviência. As excepções são severamente punidas: com o desterro para algures, a exclusão das listas de deputados ou o degredo político. Desta forma se apura a qualidade do pessoal político partidário conseguindo a perfeita sincronização dos movimentos de aplauso e de contentamento e a pura erradicação da mais ténue ideia critica relativamente aos caminhos que o país trilha sob a orientação do camarada secretário geral. Uma coisa soviética embora o termo albanização não seja mau.


 

Pedra do Homem, 2007



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