Ondjaki vai estar em Sines na livraria "a das artes" no próximo dia 17 de Fevereiro pelas 21.30horas.
Deixo aqui um texto da autoria do Joaquim Gonçalves sobre o último livro do escritor angolano.
"Depois de ficar maravilhado com a minha primeira leitura de Ondjaki - "E se amanhã o medo", tive a oportunidade de ler, agora, o fresquíssimo "Os da minha rua", antes que o autor venha fazer o seu lançamento à livraria, já no próximo dia 17, às 21,30h., para saber do que vamos estar a falar.Pelo tipo de linguagem, o título já pressupõe, de certa forma, alguma relação com a infância.Ao contrário de grande parte dos autores africanos de língua portuguesa, Ondjaki não fala de crianças pobres, das aldeias, vivendo em cubatas. O protagonista está inserido numa família e meio já detentor de alguns pequenos luxos.Absolutamente urbano, da cidade de Luanda, um tanto ocidentalizado, as lembranças do narrador são pontuadas por referências, geralmente subtis, à influência da política na sociedade do País detentor de uma independência ainda jovem, à influência exterior em geral: A presença dos soviéticos e seus produtos; as telenovelas brasileiras, as bebidas da moda, a formatura das crianças da escola (fardadas) para as comemorações do 1º de Maio, por exemplo. Aqui, algum desencanto? Veja-se a frase com que Ondjaki acaba a estória.São, de facto, histórias da infância do jovem autor - tem 30 anos - e, pela sua leitura, podemos concluir que nunca é cedo para escrever memórias.Pelo final, e pela lindíssima carta em jeito de posfácio dirigida a Ana Paula Tavares, Ondjaki parece querer libertar-se da "obrigação" das memórias infantis para abrir nova etapa.Leitura fresca, a abrir sorrisos aqui e ali e, acima de tudo, a abrir o apetite para ler mais coisas do autor. Pela parte que me toca, já peguei em "Quantas madrugadas tem a noite".

Ainda do Joaquim recomenda-se - mais vale tarde do que nunca - a leitura deste texto.


 

Pedra do Homem, 2007



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