... a sua natureza vão ocupar algum tempo mais de antena mas rapidamente passarão ao esquecimento. Os números quer do Governo quer da CGTP não primam pela credibilidade. Os do Governo são escandalosamente baixos. Os da CGTP de tão elevados quase que se poderia dizer que se referem a outro país. O Portugal de ontem, dia da Greve Geral, não teve certamente oitenta por cento dos trabalhadores parados.
Outra questão mais relevante é a de saber se a greve foi bem marcada. Não está em questão a sua justeza. Existem motivos suficientes para todas as greves gerais ou parciais. Está em questão saber se ela reforçou as posições dos trabalhadores ou pelo contrário as do Governo. (Note-se a este propósito que este Governo, eleito com uma maioria de esquerda, ensaiou algumas medidas de controlo dos trabalhadores que atentam, se concretizados, contra o exercício do direito à greve). Está em questão saber se a intromissão, tão clara, de Jerónimo de Sousa na condução política da greve favoreceu os seus objectivos e os dos trabalhadores. Julgo que as respostas são claras. A greve geral merecia uma outra preparação e outro consenso. Merecia um movimento sindical mais independente da tutela partidária. Merecia um Carvalho da Silva menos ameaçado pelos seus (supostos) camaradas e que não transmitisse a ideia, tão nítida, de que se sente já de malas aviadas depois de lhe terem passado a guia de marcha.
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