A aparente atomização de candidaturas, quer à esquerda quer à direita, leva muitos a comentarem os efeitos colaterais desses candidatos exteriores aos partidos, digamos assim. Helena Roseta tem sido a que mais análises tem suscitado. Numa primeira fase o Bloco de Esquerda e o PCP foram as vítimas potenciais da candidatura da arquitecta para agora passar a ser o PSD o grande beneficiado já que o PS perderá qualquer coisinha com Roseta na liça. Em última análise a futura câmara municipal, com esta proliferação de candidatos, todos com algum potencial, passaria a ter um orgão executivo não com cinco partidos aí representados mas sim com uma dúzia de origens diferentes. Um cenário potencialmente apocalíptico.
Julgo que não acontecerá nada disso. Os lisboetas tenderão a promover uma mudança calma optando por alguém que lhes pareça ter perfil para arrumar a casa nestes próximos dois anos. António Costa é que não me parece que seja a escolha segura. Porque tem outras ambições e nesta fase um desaire em Lisboa, hipótese que não é de excluir, seria um retrocesso pessoal muito grande. Ora o António já não tem idade para repetir aquelas experiências das corridas do Ferrari contra a tartaruga...
Quanto a Roseta, cujo potencial está muito associado à sua capacidade para mobilizar o movimento que apoiou a candidatura de Alegre, será interessante perceber qual a estrutura do seu discurso político. Estamos, afinal, perante uma dirigente nacional do PS que foi parte na generalidade das decisões que quer este Governo quer os anteriores do PS tomaram e que tanto mal causaram à cidade. O êxodo de cidadãos para a periferia de que se queixava ontem na SIC e a perda de população na cidade são consequência de políticas concretas que o Bloco Central - e os coligados - concretizou ao longo de mais de vinte anos. Não são obra apenas do PSD e de Carmona.
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