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O ex-ministro das Finanças de José Sócrates dá uma importante entrevista, ao DN de hoje, aqui referida.
julgo que ninguém duvidará nos dias que correm das posições do conhecido economista. Ninguém terá dúvidas que foi ele quem pressionou Sócrates a dar o dito por não dito e a aumentar os impostos pressionado pela real dimensão do défice . Também ninguém terá dúvidas que a relação entre os dois se revelou, desde o ínicio, uma verdeira impossibilidade. Luís Campos e Cunha aguentou quatro meses mas o anúncio dos projectos do TGV e do novo aeroporto, que não colhem as suas simpatias, foi a oportunidade para colocar ponto final na relação.
Julgo que é consensual que a opinião do ex-ministro sobre Sócrates oscilará algures entre o mau e o péssimo, atendendo á sua capacidade e preparação para governar.
Mas tirando essas coisas que todos já sabemos há alguns aspectos que merecem aqui destaque.
Diz LCC que "Há muitas maneiras de embrulhar um projecto e pôr os privados a participar, o que não quer dizer que o projecto, em si, seja rentável. Rentabilizar um aeroporto em Lisboa é fácil porque é um monopólio. O TGV é uma coisa diferente. Estamos a falar de investimento mais elevado. É útil entre grandes cidades, que não entre Lisboa e Porto. Nem sequer Lisboa e Madrid. E certamente não é Lisboa e Porto. Com dois ou três ramais, podia perfeitamente utilizar-se a linha pendular que temos entre Lisboa e Porto. Eu utilizo muitas vezes, sei bem do que estou a falar.(...)
LCC tem toda a razão: a ligação Lisboa-Porto por TGV é um absurdo e só faria sentido num país de nababos em que o dinheiro abundasse. Num País de nababos ou num país de tesos mas com líderes fracos sempre disponíveis para se porem a jeito perante os lobbies. A Ligação por Alfa-Pendular é muito boa - eu uso regularmente entre Lisboa e Coimbra e não me passa pela cabeça recorrer ao automóvel - e construir um TGV para ganhar uns improváveis 30 minutos é um disparate de lesa-pátria. Serão os trinta minutos mais caros da história das Obras Públicas.
Questionado sobre se aconselharia o Governo a trocar o TGV por uma boa reforma da justiça, LCC respondeu: "Claro. E há, provavelmente, alguns outros investimentos na área ferroviária que seriam importantes, por exemplo, uma boa ligação de mercadorias com [o porto de] Sines, que pode ser uma porta de entrada para a Europa."
Ora aí está uma questão que é tabu e de que quase ninguém fala. Que sentido faz termos o maior porto do País, o mais importante para a economia nacional, estrangulado por uma linha férrea do tempo dos afonsinos em que os comboios não podem transportar mais do que alguns contentores, sob risco de podem andar para trás quando sobem a serra? Porque razão a remodelação desta linha não é uma prioridade para a nossa economia?

... a intervenção de José Sócrates, no Centro Cultural de Belém à saída de uma iniciativa política, a comentar a situação política pós-manifestação dos professores caracterizou-se pela falta de clareza, pela repetição sucessiva dos mesmos chavões, por um indisfarçável desconforto com a situação social existente, por uma tentativa de mostrar uma convicção inabalável que já não parece possuir.
Foi impressão minha ou a intervenção do primeiro-ministro arrastou-se muito para lá do razoável, transmitindo uma sensação de cansaço, de desgaste, de falta de convicção e de perspectiva do futuro? Foi impressão minha ou a declaração de apoio à actividade da ministra colocou como única saída possível para o fim da actividade de Maria de Lurdes Rodrigues como ministra uma conveniente "abdicação por motivos pessoais" tipo "Correia de Campos"?
Foi impressão minha ou a intervenção de Sócrates mostrou cansaço e fraqueza e uma imagem, não esperada apesar de tudo, de fim de ciclo?
Poucas coisas correm bem a este Governo e a este Primeiro-Ministro apesar dos inenarráveis Portas e Menezes.

É desta forma que Mário Soares remata o artigo desta semana na Visão. Numa antevisão de 2008, em que tenta dar um panorama do que irá acontecer pelo mundo fora no ano que se avizinha, Soares não resiste a voltar à base para, mais uma vez, dar um recado a sócrates. Escreve o velho socialista: " (...) Há que acautelar o desgaste social, que retomar o diálogo sindical. Que, passada a euforia natalícia, se faça baixar o ambiente de crispação e pessimismo que está a instalar-se. Para podermos fazer frente - em paz e progresso - ao que aí vem. Quem avisa, caros amigos socialistas, vosso amigo é..."

O Presidente da República vetou o Estatuto dos Jornalistas que o doutor Santos Silva laboriosamente elaborou contra tudo e contra todos. Cavaco Silva mostra um entendimento muito próximo daqueles que, ao longo de meses, denunciaram aspectos considerados graves do Estatuto. Nada que tire o sono ao ministro Santos Silva que já veio esclarecer a opinião pública de que o veto presidencial não questiona as "traves mestras " da sua criação. Terá sido aliás por isso que o Presidente vetou o documento: para evidenciar a robustez das suas traves mestras.

Adenda: Cavaco Silva remeteu, umas semanas atrás, para apreciação da constitucionalidade um projecto do Governo que penalizava eventuais reclamações de cidadãos ou empresas junto da Administração Fiscal com inspecções fiscais de retaliação. Fez muito bem Cavaco Silva. Os abusos da Administração Fiscal são certamente muito mais graves do que as suas omissões. Não cobrar um imposto devido é grave. Mas cobrar injustamente impostos não devidos é muito mais. Além disso a medida tinha em si uma principio autoritário já para além do tolerável em democracia: o príncipio de que face a uma decisão injusta da Administração o melhor a fazer é calarmo-nos. Caso contrário vamos certamente ter muitas chatices.

A direita acha que o caso da não aplicação da lei sobre a IGV à Madeira se deve resolver em tribunal. Ao que parece deixa de ser um caso político para passar a ser um caso de polícia. Foi esta a forma encontrada pela direita política para contornar a última diatribe de Alberto João e dos seus sequazes - esses grandes construtores de claustrofobias democráticas - de afronta aos valores da República.
O Presidente da República parece que alinha pelas mesmas ideias do PSD e do PP.
Fica a expectativa, depois das declarações de Sócrates na SIC, sobre o significado real dessas declarações. Sócrates afirmou que:"Não admito outro cenário que não seja o de aplicar a lei também na Região Autónoma da Madeira".
Alberto João Jardim se é especialista nalguma coisa é em transformar entradas de leão dos políticos do "contenente" em saídas de sendeiro.

Provavelmente sim. Julgo, aliás, que não faz qualquer sentido que as eleições em Lisboa sejam decididas pelos lisboetas. Porque razão poderá votar em Lisboa um cidadão que vive num condomínio fechado em Alcântara -que se auto-excluiu por opção pessoal do governo democrático da cidade - e não pode votar um cidadão que vive na periferia de Sintra ou Oeiras, onde comprou casa depois de constatar que em Lisboa não havia oferta para as suas posses, e que todos os dias vai para Lisboa trabalhar. Ainda mais quando, ao que parece, a única coisa que todos sabem discutir sempre que há eleições são a acessibilidades. Uma questão que interessa sobretudo aos segundos.
Porque será que os 300 mil cidadãos expulsos da cidade desde 1981 não podem votar e o dr. Rui Moreira mais a sua estimável Associação Comercial do Porto pode participar na decisão sobre que aeroporto construir em Lisboa? Aliás, qual foi a infraestrutura construída na área Metropolitana do Porto que foi objecto de estudo por parte de qualquer entidade de uma qualquer outra cidade do País?

O Governo, segundo informa a RR, quer que os autarcas acusados de um crime pelo Ministério Público suspendam forçosamente os mandatos.
Uma medida do mais elementar bom-senso para acabar com a impunidade e a mais descarada falta de vergonha.
Aplauso, pois, para esta intenção do Governo.

Adenda: claro que a medida terá que ser estendida a todos os titulares de cargos políticos. Desvalorizo a ligação que Carmona pretendeu estabelecer entre a realização destas intercalares e a proposta do Governo. Aliás Carmona dá um jeitão a António Costa, ou será que o engenheiro ainda não percebeu?

Este cidadão apoia a Greve Geral. Os trabalhadores estão a assistir à diminuição dos seus direitos e à cada vez maior precarização das relações de trabalho. O desemprego atinge valores brutais, sem pararlelo nos últimos vinte anos.
O ajuste estrutural da economia faz-se exclusivamente à custa do factor trabalho. A desigualdade na distribuição da riqueza cresce atingindo um nível de desigualdade sem paralelo na União Europeia.
Se estas não são razões suficientes para fazer uma Greve Geral então quais são?

Rui Tavares no seu Pingue-pongue de hoje no Público refere a minha proposta para transformar a venda do Património do Estado numa oportunidade para a cidade de Lisboa. Quem quiser ler o artigo que publiquei no Público, em 11-06-2006, com o título " Venda do Património do Estado: Uma oportunidade para a Cidade e para os Cidadãos?" pode fazê-lo aqui.
Claro que uma candidatura séria, com um projecto a médio prazo, com uma visão estratégica, teria que se organizar á volta da resposta a questões nucleares como esta. Até porque aquilo que Manuela Ferreira Leite e Durão fizeram, nesta matéria, não difere minimamente do que fazem nesta altura Sócrates e Teixeira dos Santos: alienar ao melhor preço. Carmona - que antes de ser Presidente foi Ministro das Obras Públicas - não revelou uma única ideia quanto a esta matéria. E António Costa que ideia terá?

Pois é. As eleições para Lisboa realizam-se em 15 de Julho e não na data escolhida pela senhora Governadora Civil de Lisboa. Desta forma ela poderá, na sua condição de cidadã, participar num maior número de acções de campanha do seu candidato natural, António Costa.
Pelo meio ficámos a saber, pelo próprio, que Carmona não ia a votos sobretudo pela ditadura do pouco tempo disponível. Uma sondagem do DN dava conta que a maioria dos vereadores da Câmara de Lisboa seria eleita por Carmona Rodrigues e por Helena Roseta e que António Costa conquistando a presidência seria largamente minoritário no executivo. Na Assembleia Municipal é o que se sabe.
E agora? Bom, a questão é a de saber se Carmona regressa à liça ou não? Se regressar terá uma palavra a dizer na distribuição dos votos. Parece que os lisboetas não o penalizam tanto quanto ao PSD. Nesse cenário aquilo que escrevi sobre a futura composição da câmara da capital mantêm-se. Mas julgo que Carmona não regressa. Além das questões dos prazos terá pesado na sua decisão o interesse do partido com que sempre colaborou e a quem deve a sua "carreira" política. Se avançar fica por sua conta e risco e, daqui a dois anos, dará por encerrada a sua carreira política. Desistindo fica disponível para um lugar importante no Governo ou na Administração Pública. Carmona sabe que o PSD, inevitavelmente, será Governo.

Marques Mendes já tem candidato para o PSD: Fernando Negrão, vereador na autarquia de Setúbal. Não conseguiu um Presidente de Câmara mas arranjou um vereador, sem pelouros atribuídos na autarquia de Setúbal.
Uma candidatura fraca. Mas, na realidade, o PSD não tem qualquer hipótese de ganhar a autarquia depois da hetacombe que foram estes dois anos. Os candidatos com maior prestígio, não incluo Seara neste rol, não estavam disponíveis para uma quase certa derrota. As coisas podem piorar se Carmona sempre avançar. Seria desastroso uma candidatura de Carmona capaz de rivalizar em votos com a candidatura do PSD. Pelo menos capaz de lhe roubar muitos votos. Não foi por acaso que o PSD defendeu eleições a 24 de Junho.

Adenda: Aposto na efectiva candidatura de Carmona. E aposto num executivo municipal em que Roseta e Carmona sejam vereadores, julgo que não poderão aspirar a mais. Um executivo com quatro partidos representados - Portas vai sofrer uma derrota pesada em Lisboa - e duas candidaturas independentes.

As eleições em Lisboa estão marcadas. Dia um de Julho, se a impugnação prometida por Roseta não der resultado, os lisboetas escolhem. Do lado do PS parece que vai avançar António Costa. Do lado o PSD será Fernando Seara se o efeito "Costa" não o atemorizar.
Qualquer um deles será candidato não por terem uma única ideia estimável para Lisboa ou tão pouco por terem alguma vez aspirado ser presidente da Câmara de Lisboa. Nenhum tem um projecto para a capital, nem tempo para o construir. São candidatos, como refere Paulo Gorjão, apenas porque têm notoriedade, seja ela política ou futebolística. Um sinal dos tempos. Destes tempos sem rumo nem esperança.

Adenda: a ditadura dos prazos, e a pressa manifesta da maioria dos partidos, tem duas consequências: não haverá tempo para discutir coisa nenhuma e as candidaturas de independentes podem não passar das intenções, Em ambos os casos é Lisboa que perde ou melhor somos todos nós.

A aparente atomização de candidaturas, quer à esquerda quer à direita, leva muitos a comentarem os efeitos colaterais desses candidatos exteriores aos partidos, digamos assim. Helena Roseta tem sido a que mais análises tem suscitado. Numa primeira fase o Bloco de Esquerda e o PCP foram as vítimas potenciais da candidatura da arquitecta para agora passar a ser o PSD o grande beneficiado já que o PS perderá qualquer coisinha com Roseta na liça. Em última análise a futura câmara municipal, com esta proliferação de candidatos, todos com algum potencial, passaria a ter um orgão executivo não com cinco partidos aí representados mas sim com uma dúzia de origens diferentes. Um cenário potencialmente apocalíptico.
Julgo que não acontecerá nada disso. Os lisboetas tenderão a promover uma mudança calma optando por alguém que lhes pareça ter perfil para arrumar a casa nestes próximos dois anos. António Costa é que não me parece que seja a escolha segura. Porque tem outras ambições e nesta fase um desaire em Lisboa, hipótese que não é de excluir, seria um retrocesso pessoal muito grande. Ora o António já não tem idade para repetir aquelas experiências das corridas do Ferrari contra a tartaruga...
Quanto a Roseta, cujo potencial está muito associado à sua capacidade para mobilizar o movimento que apoiou a candidatura de Alegre, será interessante perceber qual a estrutura do seu discurso político. Estamos, afinal, perante uma dirigente nacional do PS que foi parte na generalidade das decisões que quer este Governo quer os anteriores do PS tomaram e que tanto mal causaram à cidade. O êxodo de cidadãos para a periferia de que se queixava ontem na SIC e a perda de população na cidade são consequência de políticas concretas que o Bloco Central - e os coligados - concretizou ao longo de mais de vinte anos. Não são obra apenas do PSD e de Carmona.

"Incomoda-me" de Paulo Pedroso, no Canhoto, sobre o caso "Roseta" e "Intercalares&Independentes" de Eduardo Pitta, no Da Literatura sobre a saída de Roseta e a hipótese João Soares.


 

Pedra do Homem, 2007



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