"António Costa quer resolver os principais problemas urbanísticos em menos de um ano" noticia o semanário SOL. Lê-se e não se acredita. A primeira máxima é a seguinte:"Há vontade e capacidade do investimento privado para fazer bons projectos em Lisboa e há também boa arquitectura para que esses projectos se concretizem" Segue-se: "urgente resolver os impasses urbanísticos que têm minado a credibilidade da Câmara, a confiança dos investidores e que têm paralisado a cidade" A receita vem a seguir:"«adopção de uma 'via verde' para projectos que sejam considerados estratégicos para a cidade» Uma versão municipal dos PIN. Há ainda referências a uma análise de Costa do que é a questão fundiária na cidade de Lisboa. Bastante primária, diga-se.
As análises e as propostas de Costa são sancionadas pela "experiência" de Salgado. Experiência dos grandes projectos muitos dos quais "encalhados" às portas da cidade. Com ele no poder outro galo cantará. Carrilho foi apenas o infeliz lançamento de uma primeira pedra a destempo. Acontece, mas resolve-se.
Trata-se de um programa que reduz o urbanismo a um instrumento ao serviço do investimento privado e que reduz a qualidade urbana a uma consequência muito mais dos investimentos privados e das condições favoráveis ou não para a sua atracção do que de um conjunto alargado de políticas públicas. Uma visão que faz da cidade um produto e do cidadão um mero consumidor. Uma visão liberal pura e dura. O discurso mais à direita surgido até agora nesta campanha.
Os interesses imobiliários podem estar descansados. Costa e Salgado vão por tudo a correr sobre rodas.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats