Mário Soares, no âmbito da "Universidade de Verão"organizada, hoje, pela Federação de Setúbal do PS, repetiu e ampliou os alertas a José Sócrates que já tinha, aliás, feito numa recente entrevista ao semanário Expresso. Soares, em síntese, diz que Sócrates fez o que tinha que ser feito para combater o défice mas que esse combate fez muitas vitímas colaterais sobretudo entre os mais desfavorecidos.
Soares diz aquilo que nenhum socialista dissera até hoje sobre as consequências da política socialista: o desemprego aumentou, as desigualdades sociais aumentaram, a emigração aumentou e a economia voltou a crescer mas pouco. Soares fez questão de referir que aqueles que reagem às consequências da política do Governo estão no seu direito.
Soares deve ser o único socialista que não se engana com as sondagens que dão o Governo sempre em alta. Ele sabe que a base social de apoio que permitiu a vitória de Sócrates com maioria absoluta mudou profundamente e, por esta altura, já não existe. Soares sabe que os resultados das sondagens são mascarados por muitos eleitores que não votaram PS em 2005 e não vão votar socialista em 2009. Soares em síntese não vê grande futuro nesta política além de, como se percebe, não morrer de amores por ela.

Adenda: Já me esquecia. Soares afirmou que não se pode exercer o poder com arrogância e autoritarismo. Não devia estar a falar de Sócrates que por essa hora fazia em Abrantes uma demonstração de fair-play descendo para junto do povo que o vaiava.


 

Pedra do Homem, 2007



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