Eduardo Pitta escreve sobre o facto de quer António Costa quer Fernando Negrão não viverem em Lisboa sendo, apesar disso, candidatos à liderança da autarquia da capital. Eduardo dá conta da evolução que se verificou na sociedade portuguesa e da normalidade com que hoje se encara este tipo de situação. Que, como ele refere, não é específica das autarquias.
Confesso que a mim me faz confusão que alguém possa ser candidato e eleito presidente de uma câmara, ou vereador, a partir de eleições em que pura e simplesmente não podia participar como eleitor. Julgo que uma condição mínima para concorrer a uma eleição autárquica é ser residente no concelho. Bem sei que ganhe quem ganhar os dois candidatos passarão a residir na capital.
Mas esta questão da residência de Costa e de Negrão talvez possa explicar a insensibilidade que os dois, e a generalidade dos candidatos, têm manifestado para a questão da habitação. Numa cidade despovoada como Lisboa tende a ser cada vez mais, segregada quer do ponto de vista sócio -económico quer espacialmente, choca que nos debates e nas entrevistas esta questão não seja sequer abordada. Como choca a pobreza do tratamento que a questão merece nos diferentes programas eleitorais.
No último debate presidencial em França, Sarkozy e Segoléne dedicaram às questões da habitação uns bons dez minutos e mostraram, de forma clara, ao que se propunham e aquilo que os separava. Sarkozy, recorde-se , propunha-se fazer da França um país de proprietários e Segoléne reformar - a meu ver bem - as políticas públicas nesta matéria. Porque será que os candidatos à mais importante autarquia do País a quase nada se proponham e transmitam a sensação -com uma ou outra excepção - de que quase nada os separa?
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