Afinal o PS e António Costa não chegaram aos 30% dos votos. Fraco para quem pediu durante toda a campanha a maioria absoluta. Fraco para quem construiu à volta da candidatura uma ampla coligação de interesses como a "Comissão de Honra " do candidato evidenciava. Fraco para o número dois do Governo e peso pesado do partido. O novo presidente da Câmara foi eleito com o voto de 57 mil eleitores, menos dezassete mil do que os obtidos por Carrilho em 2005. O vereador do BE - último a conseguir ser eleito - mereceu o voto de 13 mil elitores, menos nove mil do que em 2005. A abstenção ultrapassou os 60 por cento. Parecem resultados de uma pequena cidade de provincia.
Os lisboetas não acreditam nestes candidatos, nesta gente. Com uma crise instalada, com uma câmara incompetente e impotente para resolver os seus problemas, os lisboetas optaram pela não participação. Será um acto de protesto? Julgo que sim em certa medida. Significa cansaço, descrença e um desacordo com esta democracia representativa.
Os independentes - que, contrariamente às minhas previsões iniciais, se aguentaram - conseguem um elevado número de votos porque os partidos cansam as pessoas. Os discursos dos que ganham e dos que perdem, e dos que perdem e ganham em simultâneo - que já não é apenas a CDU, um clássico nesta matéria- mostram, ano após ano, os mesmos esquemas, as mesmas análises os mesmos contentamentos sem justificação.
A propósito de tratamento desigual Helena Roseta pretendeu capitalizar o papel de vítima de descriminação durante a campanha mas, parece claro, que a forma como o boletim de voto foi elaborado ter-lhe-á retirado alguns votos, tal como a Carmona Rodrigues.

PS - Louçã, foi o primeiro líder partidário a falar num clima que contrastava de forma evidente com o verificado em 2005. Afirmou que o povo penalizou a anterior gestão. Não me parece. O povo penalizou o PSD e o CDS/PP. Como referi no post anterior Carmona obteve um óptimo resultado: mais votos sózinho que o BE e a CDU juntos.
O resultado fracote de Costa ainda mais evidencia o desastre do PSD. Afinal um fracasso de Negrão podia perfeitamente coexistir com um fracasso de Costa no que à maioria absoluta diz respeito.


 

Pedra do Homem, 2007



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