O artigo (*)de João Ferreira do Amaral, hoje no Jornal de Negócios, em que denuncia o cinismo da Comissão Europeia na análise dos efeitos das suas políticas na desprotecção dos cidadãos perante os efeitos perversos da globalização. Cito: "Na realidade, em particular os estados da Zona Euro, são dos mais desprotegidos em relação à globalização e isto devido ao caminho que o processo de integração tomou desde o tratado de Maastricht. Em três grandes domínios se nota esta acção prejudicial das instituições comunitárias.
Em primeiro lugar, a tentativa (só parcialmente lograda) de destruição da coesão nacional de cada estado (em que o acabar com as moedas nacionais foi um passo importante). (...) Ora a resposta à globalização, para ser eficaz, passa sempre por uma forte coesão nacional. Tudo o que a prejudica como a acção da Comissão expõe mais os países aos efeitos negativos da globalização.
Um segundo aspecto é a destruição da política macroeconómica de resposta aos choques da globalização, Ao criar a moeda única e instituições deficientes para a gerir e ao impedir políticas orçamentais activas, a integração tornou, desde Maastricht, as economias muito mais vulneráveis perante a globalização, como é visível hoje em Portugal.
Não tenho qualquer dúvida em afirmar que devido à moeda única Portugal está hoje mais desprotegido em relação à globalização do que grande parte das economias do mundo, mesmo de países de dimensão e nível de desenvolvimento inferior.
Finalmente, o terceiro domínio é o da política de concorrência, que põe um colete de forças tal às políticas de desenvolvimento dos sectores produtivos que só por milagre eles se podem ir adaptando às condições impostas pela globalização.(...)
"
Ferreira do Amaral é um economista próximo do PS, mas lá por isso não precisa de ser parvo ou ceguinho, como muitos por aí.

(*) - link via "ladrões de bicicletas"


 

Pedra do Homem, 2007



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