No meu post sobre a (in)evolução da oposição interna no PS referi-me apenas a Manuel Alegre, pelo seu manifesto valor simbólico. No entanto seria um lapso inaceitável omitir qualquer referência a Augsuto Santos Silva e a Sérgio Sousa Pinto. O primeiro chegou a ser uma esperança para a suposta ala esquerda do partido a que pertenceria. O chamamento de Sócrates e um lugar de ministro - a sua verdadeira vocação - fez dele imediatamente uma ex-esperança de qualquer ideia de esquerda dentro do PS. O acinte que caracteriza a sua intervenção política e parlamentar é directamente proporcional à convicção com que defende as políticas do Governo. A esquerda por ali jaz e arrefece. Neste caso pode dizer-se que Sócrates fez uma intervenção preventiva de reorientação de vocação. O segundo chegou a ser indicado por Mário Soares como uma esperança do socialismo democrático. Expedido, por quem o conhecia bem, para Bruxelas, por lá engordou, extinta a chama fracturante, bem instalado na vidinha. Revisitem-se as suas recentes declarações sobre o referendo ao Tratado Constitucional e ver-se-á como envelheceu de forma acelerada. Sócrates não precisou de lhe colocar qualquer mordaça já que a aposta falhada de Soares o apoioiu desde a primeira hora, que o ar de Bruxelas desenvolve como nenhum outro o delicado instinto de sobrevivência.


 

Pedra do Homem, 2007



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