Manuela Ferreira Leite analisa a crise no BCP que acha ela é o "inacreditável do ano". A prosa vem hoje na sua crónica habitual no suplemento de economia do Expresso. A senhora acha que a crise no BCP é uma machadada séria na credibilidade do sisema financeiro português construída a partir da privatização da banca.
O que é inacreditável, mas não é caso único, é que a ex-ministra do PSD atribua esta situação apenas e somente ao Governo e ao partido que o sustenta. A crise resume-se ao processo de escolha da administração e à cosntatação de que "se trata da governamentalização do maior banco prvado português". As prácticas de gestão que levaram à situação do banco só "foram possíveis pela incompreensível distracção das entidades reguladoras" passando Manuela Ferreira Leite como "cão por vinha vindimada" pela responsabilidade dos accionistas de referência e dos gestores e esquecendo que muitos dos actos de gestão ocorreram quando era sua a responsabilidade nas finanças.
O cerne da questão é apenas ao aproveitamento do "Governo a favor do Partido que o apoia" da situação. E esta questão preocupa a dona Manuela porque o partido que apoia o Governo não é o seu. Porque senão outro galo cantaria. Não lhe causa qualquer estranheza a promiscuidade entre interesse público e privado e a promiscuidade entre accionistas que em teoria até são concorrentes. Não a incomoda o facto de o maior accionista acusar a instituição de batota e de apesar disso não tomar qualquer iniciativa para denunciar as ilegalidades. Acrescendo o facto de esse accionista ser o tal banco que o BCP queria opar. O problema pode ser em parte a sede de poder mas neste caso é sobretudo a imoralidade, a ganância e a absoluta falta de ética que caracterizam o nosso sector financeiro que não olha a meios para garantir os seus lucros cada vez maiores. O problema é que o Estado apareça sempre como um parceiro prestável ao serviço destes interesses e destes negócios . Inacreditável é que a senhora ex-ministra não entenda isto. Mas tal como em 2007, em 2008 e nos anos seguintes podemos esperar pela mesma inacreditável incompreensão de Manuela Ferreira Leite.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats