diz sobre a escolha da nova administração do BCP o ministro da presidência Pedro Silva Pereira querendo dizer com isso que o Governo nada tem a ver com a questão. Diz pouco e diz mal. Então o ministro não reparou que a "escolha dos accionistas" recaiu sobre o Presidente do maior banco Público que leva consigo um ou vários membros da mesma Administração? Então o ministro não reparou que em função da tal "escolha dos accionistas" o Governo terá que escolher uma nova administração para a Caixa?
O ministro quer tapar o sol com uma peneira. Quer remeter para o famigerado funcionamento normal do mercado tudo aquilo que se está a passar, eliminando de uma vez por todas as suspeições de tráfico de influências em todo este processo. Ora mercado neste domínio das finanças é coisa que não existe. Veja-se quão imperfeita era a informação disponível para os accionistas e sobretudo para os clientes do BCP sobre a situação real do banco. Veja-se como é debil e atrasada a intervenção das entidades reguladoras e, em último caso, do próprio poder político. Veja-se como são inexistentes as leis sobre incompatibilidades de gestores públicos sobretudo os que ocupam lugares mais importantes, estratégicos como gostam de dizer os políticos.
O ministro gostava de poder fazer coro com aqueles que acham que tudo isto se deve ver numa lógica PS-PSD em que aquilo que o PSD fez, ou terá feito, deve ser aquilo que o PS faz ou poderá fazer. Numa lógica de "uma mão lava a outra".
A crise do BCP veio pôr ainda mais em evidência a podridão que grassa na democracia portuguesa.


 

Pedra do Homem, 2007



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