A crise do BCP afinal não era uma crise era um modo de vida. Um modo de vida que ao rigor, à transparência e ao respeito pelos direitos dos acionistas e dos clientes dizia muito pouco. O maior banco privado português afinal utilizava critérios de gestão que lhe permitiam perdoar dívidas de milhões a certas personagens, emprestar dinheiro sem qualquer critério e sem esforço visível para o recuperar a outras e envolver-se em negociatas de legalidade duvidosa para interferir na cotação das acções. Pelo meio pagava salários faraónicos aos seus administradores -tidos como gente muito competente - e mostrava-se implacável com os seus accionistas, aliciados para comprarem acções do próprio banco com recurso a empréstimos.
Bastou uma sucessão mal preparada, com uma escolha manifestamente incompetente (o escolhido tinha ambições que o escolhedor não podia adivinhar) para tudo se saber e, por detrás do luxo e da ostentação, emergir mal cheirosa toda a porcaria dissimulada ano após ano debaixo do tapete.
Dizem alguns que aquilo que se sabe deve-se sobretudo ao Berardo. Ao Banco de Portugal e à CMVM não será certamente, entidades que gozam de um decrédito completo junto da generalidade da população. O BP limita-se desajeitadamente a tentar dar instruções em nome do Governo e a impor a solução que o primeiro-ministro considera a melhor para os seus interesses, claro que devidamente apoiada pelos senhores accionistas na sua plena ....independência.
O capitalismo português se não fosse absolutamente trágico seria ridiculo. Governa-se à custa de um conluio estreito com o Estado - Menezes, completamente na lua, diz que quer acabar com o Estado, que é como quem diz acabar com a paparoca destes senhores - e, antes como agora, tem como supremo objectivo lotear o país por meia dúzia de famílias
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