Vital Moreira faz eco no Causa Nossa de uma proposta do primeiro-ministro britânico para a criação de macanismos globais de regulação dos mercados financeiros. A necessidade de existirem leis globais para uma economia global foi defendida, entre outros, por Stiglitz no seu último livro. Esta medida vem incluída num pacote que visa limitar o poder das empresas multinacionais e impedir que continuem a contribuir de forma desregulada para o mau funcionamento da Globalização.
O problema na proposta de Mr. Brown é o papel que ele atribui ao FMI nessa nova realidade: "The International Monetary Fund should be at the heart of this reform. (...) To be effective for a new era, the IMF should act with the same independence as a central bank – responsible for the surveillance of the world economy, for informing and educating markets, and for enforcing transparency through the system. (...) We should also consider how the IMF’s responsibilities for financial stability could be made clearer".
Mr Brown recusa-se a perceber que o FMI e as suas políticas estão na origem e no centro dos problemas e insiste na identificação do FMI apenas com o controlo da estabilidade do sistema financeiro. Ora esse é um dos grandes dramas da actual globalização como Stiglitz demonstra de forma clara ao longo dos seus últimos livros. Democratizar a globalização passa em grande parte por reformar o FMI, não só a forma como ele é eleito mas sobretudo a sua forma de operar, e a essa necessidade Mr. Brown diz ... nada.
Cito um trecho do último livro que interessa particularmente para o caso: “(…) Nenhuma questão económica afecta tanto as pessoas do que o desempenho macroeconómico da economia. O aumento da taxa de desemprego coloca os trabalhadores em pior situação mas a inflação menor daí resultante torna felizes os que detêm títulos. O equilíbrio destes interesses é, em termos de quinta-essência, uma actividade política, mas tem havido a tentativa, por parte de quantos estão nos mercados financeiros, de despolitizar a decisão, de a entregar aos tecnocratas [Mr Brown reclama para o FMI a mesma independência dos bancos centrais] com um mandato para prosseguirem as políticas que são no interesse dos mercados financeiros. O FMI tem vindo a encorajar, por vezes mesmo a obrigar (como condição para a assistência), os países a terem os seus bancos centrais concentrados apenas na inflação.A Europa sucumbiu a estas doutrinas. Hoje, por toda a Eurolândia, cresce a infelicidade, pois o Banco Central Europeu prossegue uma política monetária que, apesar de fazer maravilhas para os mercados de títulos ao manter a inflação baixa e os preços dos títulos altos, deixou de rastos o crescimento e o emprego na Europa.”
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