É possível um Mundo Melhor.
No primeiro capítulo do livro,que funciona como a introdução, o autor reflecte sobre a evolução sofrida pela globalização e faz uma profissão de fé na capacidade de todos nós para a mudarmos de forma a que “possamos ter economias mais fortes e sociedades mais fortes que atribuam mais peso a valores como a cultura, o ambiente, a própria vida”.
O autor descreve as duas faces da globalização: a primeira no inicio dos anos 90 marcada pelas promessas de que no espaço de 6 anos – entre 1990 e 1996 – os fluxos de capital para os países em desenvolvimento iriam aumentar 6 vezes e de que as novas regras para o comércio internacional iriam trazer uma prosperidade sem precedentes para todos; a segunda, associada a uma consciência crescente das suas injustiças, simbolicamente iniciada em 1999, quando tiveram lugar os primeiros grandes protestos contra a globalização em Seattle.
Stiglitz participou numa comissão criada em 1999 pela OIT – Comissão para as Dimensões Sociais da Globalização – que elaborou um relatório muito crítico da evolução verificada. Nesse relatório, a dado passo, refere-se que “vista pelos olhos da vasta maioria das mulheres e dos homens, a globalização não respondeu às suas mais simples e legítimas aspirações por empregos decentes e por um futuro melhor para os seus filhos”. No âmbito deste trabalho ficou claro que os descontentes com a globalização elegem um conjunto de críticas que são sobretudo as seguintes:
As regras do jogo que gere a globalização são injustas e preparadas para beneficiar os países industrialmente avançados; os valores materiais são valorizados muito acima dos valores da vida e do ambiente; a globalização tem retirado soberania aos países em desenvolvimento e dessa forma tem posto em causa a própria democracia; há provas abundantes de que uma grande maioria da população são prejudicados com a globalização, quer nos países em desenvolvimento quer nos países desenvolvidos; o sistema económico imposto aos países em desenvolvimento é muitas vezes grosseiramente inadequado e prejudicial.
A partir da evolução que o debate tem vindo a sofrer, passando de uma discussão centrada no reconhecimento de razões legitimadoras dos descontentamentos para a identificação das políticas concretas que determinaram os maus resultados verificados, o autor entende que a reforma da globalização é não só necessária como possível. O debate deve evoluir para a resposta às seguintes questões: “Que mudanças grandes e pequenas, vão permitir que a globalização corresponda à sua promessa ou, no mínimo, que se aproxime um pouco mais dela? Como faremos para tornar eficaz a globalização?”
Stiglitz elege 6 áreas nas quais se pode e deve intervir sendo cada uma delas desenvolvida ao longo do livro. São as seguintes: a insídia da pobreza; A necessidade de auxílio estrangeiro e alívio da dívida; a aspiração de tornar o comércio justo; as limitações da liberalização; proteger o ambiente; um sistema defeituoso de governação global.
No que se refere à evolução da pobreza -pag. 36 - cito: "(...)A triste verdade, é que, fora da China, a pobreza no mundo em desenvolvimento aumentou ao longo das duas últimas décadas. Cerca de 40 por cento da população mundial de 6,5 mil milhões vive na pobreza (um número que está 36 por cento acima do de 1981), um sexto - 877 milhões - vive em pobreza extrema (mais 3 por cento do que em 1981). O pior fracasso é África, onde a percentagem da população que vive em pobreza extrema aumentou de 41,6% em 1981, para 46,9 por cento em 2001. Considerando o crescimento da sua poplação isto significa que o número de pessoas que vivem em pobreza extrema quase duplicou, de 164 milhões para 316 milhões.(...)"
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