O Governo anunciou a construção de muitas mais creches e de muitas mais salas de pré-escolar. Trata-se de uma medida louvável. Portugal tem uma taxa de cobertura miserável no contexto europeu. Por outro lado o investimento público nesta área é a única forma de permitir aos mais desfavorecidos acesso a este apoio à natalidade já que aquilo que se paga é função do nível de rendimento e os equipamentos privados são sobretudo máquinas de fazer dinheiro em que as preocupações sociais ficam do lado de fora da porta (tal como as famílias carenciadas). O Governo quer alargar o horário de funcionamento e eu acho muito bem já que os horários actuais são limitados (embora aqui existam outras questões relevantes como o número de horas que as crianças passam separadas dos pais). Aplaudo estas medidas que são para 2015 (este Governo entre 2012 e 2015 vai fazer muita coisa, e isso é complicado, não acham?) e não me interessa saber se Sócrates já tinha ou não anunciado o pacote.
Mas, o que me preocupa é o facto de o Governo, este Governo, ser incapaz de resolver os problemas com que o sistema se depara neste momento. Por exemplo, no infantário do meu filho, este ano a educadora- existem mais duas auxiliares - faltou desde o mês de Setembro por estar no período final da gravidez e depois por licença de parto. Ora sendo esta uma situação do conhecimento geral e portanto susceptível de gerar uma resposta atempada e devidamente planeada a única resposta foi a não resposta. Apesar dos pais terem contactado antecipadamente a Direcção Regional nada aconteceu e a substituição da educadora ficou adiada sine die. Ou melhor aconteceram algumas reuniões para dar conta ... das demarches que não resolveram a situação. Pelo meio vamos sabendo que o Ministério não tem o hábito de promover a substituição do pessoal impossibilitado temporariamente, pelo menos por aqui. Existem opções políticas deste Governo que conduzem a este tipo de situação e não me parece que sejam opções estimáveis num lógica de apoio à natalidade e às famílias. São até bastante criticáveis numa lógica de combate ao desemprego se pensarmos nos rácios crescentes entre número de crianças e pessoal por cada sala.
Talvez Sócrates necessite, em primeiro lugar, de anunciar medidas para 2008 de correção ao que está mal por manifesta falta de vontade política para as resolver. Conseguirá melhores resultados e a muito breve prazo. Merecerá, então, fartos aplausos.
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