Será que já se pode responder a esta pergunta? Julgo que não e julgo também que caso a resposta fosse possível a resposta não poderia ser muito entusiástica. Julgo aliás que há um claro denominador comum no essencial da política urbanística do antes e do depois. Esse denominador comum é Manuel Salgado. Falo da política, que não mudou no essencial, e não da gestão que pode ser mais ou menos transparente mais ou menos sensível ou permeável à corrupção, mas sem por em causa os fundamentos políticos. São coisas diferentes como (não) se sabe.
As posições conhecidas sobre a Baixa e sobre os investimentos privados como motores do desenvolvimento urbano são paradigmáticos de uma filosofia política que é susceptível de ser defendida pela direita, mais à direita, mas que a esquerda, hoje maioritária na autarquia, não tem recusado em termos históricos. Daí as conhecidas simpatias e reconhecimentos de que o actual vereador do urbanismo gozava nos tempos em que os malandros da direita governavam a capital.
Vem isto a propósito de mais um Plano para Alcântara -Público de ontem - e das iniciativas do vereador do urbanismo no sentido de ser realizado um Plano de Urbanização custeado pela REFER. Depois do famigerado Alcântaras XXI que sevia para valorizar o património de alguns proprietários da zona, parece - Carmona se não tem razão anda lá perto - que desta vez é a valorização do património da REFER o que está em cima da mesa. Para isso faz-se um Plano de Urbanização e a REFER paga à equipa que fará o Plano. Falta saber se o pacote de ideias de Manuel Salgado inclui a ideia de quem a REFER deverá contratar para fazer o referido Plano.
O que não há dúvida é que este tipo de decisões, e este tipo de instrumentos urbanísticos, continuam a ser utilizados de forma mais ou menos casuística para resolver problemas pontuais mas sem estarem ao serviço de uma política da cidade coerente e com respostas eficazes para as necessidades dos seus cidadãos. Viva a continuidade.


 

Pedra do Homem, 2007



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