A opinião de Mário Crespo, hoje no JN, sobre o que s epassou na Quadratura do Círculo quando Pacheco Pereira atacou a opção de Jorge Coelho de aceitar presidir à Mota Engil. Escreve Mário Crespo: "Houve um elemento que se destacou na "Quadratura do Círculo" quando José Pacheco Pereira "enunciou" o "problema" da ida de Jorge Coelho para a Mota-Engil. Foi o silêncio de Jorge Coelho. Ouviu coisas terríveis a seu respeito e ouviu-as impávido. Foram enunciadas sugestões de compadrio, sinecura, favoritismo e até incompetência para o lugar que vai assumir. Jorge Coelho manteve-se esfíngico não manifestando ter sentido qualquer ofensa. Se a sentiu ou não, não sei. Sei que não a manifestou. Conseguiu manter-se imperturbado enquanto era apregoado um terrível libelo de incoerências da vida pública em Portugal com ele no epicentro de impropriedades de comportamento. Nada de ilegal, mas tudo impróprio.O antigo ministro do Equipamento Social de António Guterres não clamou nem inocência, nem ultraje. Olhou de frente o seu acusador e, com o silêncio, deu a única resposta que saiu do seu empedernido semblante e que eu traduzo como querendo dizer "É assim!". E é mesmo assim em Portugal. Perde-se o pudor, fica-se com o poder. Nada de ilegal, mas tudo despudorado. O Conselho de Administração da Mota-Engil será uma constante reunião de Bloco Central, com dois antigos ministros das tutelas das construções do Estado em governos PS e PSD a desenhar estratégias para ganhar concursos públicos que vão ser decididos por funcionários que foram seus subordinados ou a conseguir de autarcas correligionários interpretações de PDM mais favoráveis a isto ou aquilo que se queira cobrir de vigas pré-esforçadas, argamassa ou asfalto. E se os antigos ministros não chegarem a nenhuma conclusão ainda há lá um antigo secretário de Estado entendedor dessas complexidades das obras públicas para afastar empecilhos do lucro. O colosso a que Jorge Coelho agora preside opera sobretudo na área do domínio do que é público em Portugal.(...) A maior parte do sector privado lusitano só quer e, se calhar, só pode subsistir associado à tutela estatal e não tem pejo em subordinar-se aos operadores puramente políticos, abandonando a evolução de culturas de empresas inovadoras desenvolvidas por gestores profissionais que pusessem, finalmente, o mercado a funcionar em Portugal(...)
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