O FMI é uma organização fundamentalista do mercado que tem defendido e praticado, com funestas consequências para milhões de cidadãos à escala mundial, uma política que favorece os mercados financeiros e os apetites mais vorazes dos seus protagonistas. O Consenso de Washington, que Stiglitz tão bem descreve nas suas obras sobre a globalização, é o "compromisso" que concretiza esse funesto entendimento.
Mas, nas horas de crise, quando o sistema financeiro se desmorona vítima do seu espírito rapace, o FMI não hesita em pedir aos governos para "avançarem para a aquisição no mercado dos títulos que mais problemas estão a causar nas contas das instituições financeiras um pouco por todo o mundo. O dinheiro público seria deste modo usado para, retirando esses activos suspeitos das mãos dos bancos, reduzir o clima de incerteza que se vive nos mercados mundiais."
É isto que se pode ler, hoje no Público, a propósito das declarações ao FT do presidente do FMI, o socialista francês, Dominique Strauss-Kahn.
Pois é, o FMI mantêm afinal a sua coerência: depois de actuar de forma a garantir a privatização, em poucas mãos, dos lucros gerados pelas actividades especulativas do sistema financeiro internacional, actua, agora que o sistema regista perdas terríveis, no sentido de socializar os prejuízos.
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