Mário Soares alerta para a insustentabilidade da pobreza crescente no nosso país e para as desigualdades cada vez maiores entre os portugueses, num artigo de opinião publicado no DN.
Soares pensa que é necessário "fortalecer o Estado e não entregar a riqueza aos privados" porque “não serão, seguramente, eles que irão lutar, seriamente, contra a pobreza e reduzir drasticamente as desigualdades"
Este não é certamente um dos socialistas de plástico a que Manuel Alegre se referia a propósito das referências elogiosas que teceu sobre Carlos César.
Soares está preocupado e chocado "por Portugal aparecer na cauda dos 25 países europeus - a Roménia e a Bulgária ainda não fazem parte da lista - nos índices dos diferentes países, quanto à pobreza e às desigualdades sociais e, sobretudo, quanto à insuficiência das políticas em curso para as combater".
Vejam bem, Soares acusa as políticas públicas em curso de insuficientes. Trata-se de um ataque objectivo à política deste Governo que em muitas situações Soares tem elogiado. Mas Soares vai mais longe e permite-se "sugerir ao PS - e aos seus responsáveis - que têm de fazer uma reflexão profunda sobre as questões que hoje nos afligem mais: a pobreza; as desigualdades sociais; o descontentamento das classes médias; e as questões prioritárias, com elas relacionadas, como: a saúde, a educação, o desemprego, a previdência social, o trabalho. Essas são questões verdadeiramente prioritárias, sobre as quais importa actuar com políticas eficazes, urgentes e bem compreensíveis para as populações"
Soares que fazia o milagre de criticar o neoliberalismo dominante e apoiar o Governo que para muitos aplicava intra-muros a receita neoliberal parece ter perdido a paciência e as esperanças de que o seu PS possa arrepiar caminho. Fica o aviso feito para memória futura e para sinalizar aos militantes o que pensa o pai fundador.


 

Pedra do Homem, 2007



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