Excelente a entrevista dos jornalistas do Expresso ao CEO da Galp, engº Manuel Ferreira de Oliveira. O presidente da petrolífera põe em evidência város mecanismos preversos que fazem com que o preço do combustível esteja afectado por uma fortíssima componente especulativa. A explicação é clara e entendível e constitui uma boa informação para todos nós. Pelo meio dá conta dos preços médios do gasóleo e da gasolina em 16 de Junho e salienta que são os impostos que fazem com que os preços em Portugal sejam tão altos. Já se sabe o que ferreira de Oliveira pensa sobre os impostos na composição do preço dos combustíveis. O problema é quando os jornalistas - Anabela Campos, J. F. Palma-Ferreira e Nicolau Santos - colocam o dedo na ferida. Questionado sobre "(...) porque é que a Galp em vez de ter quase 800 milhões de euros de lucro, não reduz os lucros para um valor mais baixo, e passa uma parte para os consumidores?" Ferreira de Oliveira dá voltas e mais voltas e rodeia a questão, optando pela resposta do costume: " A indústria tem é de ser competitiva e quanto melhores resultados tem melhor para o sistema económico em que se insere. Paga mais impostos, cria riqueza para a sociedade e obtém resultados para reinvestir e crescer. A empresa tem de ser competitiva no mercado aberto, global, e tem de oferecer aos seus clientes produtos a um preço e qualidade que os concorrentes não podem oferecer."
Perceberam? Temos todos que estar agradecidos pelo facto de a empresa ter cada vez mais lucros e pagar cada vez mais impostos. Mesmo que iso signifique ficarmos todos cada vez mais pobres. O mercado tem de facto algumas imperfeições, acho eu. Mas Ferreira de Oliveira - um gestor de uma qualidade altíssima pelo que mostra o seu currículo - pensa de outra forma: para ele o que se passa é a expressão "da beleza do sector" .
Esta entrevista evidencia que é possível falar com Ferreira de Oliveira sobre tudo e obter as mais sensatas e tecnicamente consistentes explicações mas não vale a pena descer ao nível da discussão sobre a evolução dos lucros, os desiquilibrados ritmos de subida e de descida dos preços em função das variações do preço do fuel ou a impossibilidde de a "agressividade do mercado" poder ser canalizada em benefício dos consumidores, actuando sempre em benefício das companhias.
Os jornalistas do Expreso fizeram um grande trabalho que dá gosto ler e fizeram as perguntas dificeis. As respostas são elucidativas
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