A pobreza não é uma fatalidade, disse Manuel Alegre. Pois não. A pobreza, que atinge cada vez mais portugueses, é a consequência brutal das opções políticas feitas nos últimos anos. A pobreza é a expressão concreta, real, da sociedade dualista que os sucessivos governos têm construído na qual o aumento das desigualdades sociais é o fio condutor das políticas adoptadas. Contra o fatalismo interesseiro e oportunista da direita a esquerda tem que fazer alguma coisa. Sobretudo quando o Governo eleito com os votos da esquerda governa em nome dos interesses da direita e ignora os interesses dos mais pobres e dos mais desfavorecidos, grande parte dos quais o elegeu em 2005.
Não é uma fatalidade que a esquerda não se possa unir e convergir apesar das diferenças. Não é uma fatalidade a divisão da esquerda. Esta festa-comício dá essa resposta e esse contributo.
Este país, desgraçado pela gula de uns quantos e pelo saque dos recursos comuns, necessita de uma esquerda plural, democrática, solidária, capaz de pressionar para a construção de uma plataforma de governo com objectivos claros de justiça social, de correção das desigualdades sociais, de promoção de uma sociedade mais justa, mais democrática, menos marcada pelo estigma da desigualdade e da descriminação. Um governo capaz de fazer aquilo que o PS, desgraçadamente o menos social-democrata de todos os PS´s europeus, tem recusado fazer.
Não estamos condenados a viver pior do que os outros. Não estamos condenados a viver numa sociedade marcada pelo ferrete da desigualdade entre os que vivem de forma opulenta e os outros que trabalham duramente para sobreviver em condições duríssimas.
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