Na edição de Julho do Le Monde Diplomatique destaque para o dossier "Que futuro para o Estado" com artigos de Jorge Sampaio, "O mundo em mutação e o Estado - em crise?" , e dos economistas - co-autores do blogue Ladrões de Bicicletas - João Rodrigues e Nuno Teles, "Portugal e o neo-liberalismo como intevencionismo de mercado".
O ex-presidente da República questiona a evolução da globalização e a forma como ela além de "um ritmo de crescimento económico ímpar, produziu também um colossal aumento das desigualdades, alargando quer o fosso entre os países ricos e pobres quer, no seu interior, entre os segmentos mais favorecidos e os mais carenciados" insistindo na necessidade de "uma estratégia política de resposta aos desafios da globalização e às mutações por ela operada. É aqui que se torna claro que os mercados não substituem a política, antes a tornam mais necessária. É aqui que se vê também ue o movimentos de integração política regional são indispensáveis para que as respostas políticas tenham uma escala suficiente para serem eicazes e poderem assegurar a regulação." Samapaio mnifesta-se contra o fatalismo dos neoliberais que defendem a diminuição, ou o esvaziamento da acção política em desfavor dos mercados omnipresentes, e defende o investimento em três caminhos: "investir na reforma do sistema internacional, investir na melhoria do papel regulador do Estado e investir numa nova aliança entre representantes e representados- ou seja, apostar na reinvenção das formas de representação." Muito interessante esta última reflexão que visa conciliar a democacia representativa , claramente em perda face à menor força mobilizadora das instituições tradicionais, como os partidos e os sindicatos, e ao crescente afastamento entre os representantes e os seus representados, e ao surgimento de novas formas de expressão e de intevenção colectiva e individual. Sampaio conclui, no entanto, que " a democracia participativa deve servir de complemento à democracia representativa , mas não a deve substituir".
(voltaremos ao excelente artigo de João Rodrigues e Nuno Teles)
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