Os cidadãos da Várzea da Moita enviaram uma carta ao primeiro-ministro que constitui "Um pedido premente de socorro e solidariedade, no sentido de a maior e mais urgente intervenção política ainda poder ser desenvolvida para se tentar travar o golpe de mestre em termos de violação da lei e do interesse público, que uma eventual aprovação final do Projecto de novo PDM da Moita consistiria".
Este processo de revião do PDM contou desde o ínicio com a forte oposição dos moradores da Várzea da Moita que pretendem manter a sua actividade agrícola - que passou de gerações em gerações - na Várzea e que se opõem à proposta de mudança de uso dos solos que abre caminho à especulação imobiliária e coloca em risco a actividade agrícola que os liga a essas terras e ao seu concelho natal. Na Moita os especuladores adquiriram os terrenos agrícolas e florestais abrangidos pelas reservas nacionais Agrícolas e Ecológica por um preço mínimo aos seus desesperados proprietários para, em sede de revisão do PDM, obterem a negociada mudança de uso que lhes permitiu ganhar milhões em mais-valias simples. Claro que este lucro caído do céu só é possível com a tomada de decisões da autarquia que funciona aqui como o gerador das mais-valias.
Foram estes homens e mulheres da Várzea da Moita que em Maio de 2008 organizaram uma conferência nacional sobre política de solos que debateu estas questões e permitiu colocar em evidências como as omssões do poder político são a condição sine qua nom para que os especuladores usem o território para realizarem uma brutal acumulação de capital apenas determinada pelas decisões da administração. Infelizmente para estas pessoas movidas pela defesa dos interesses colectivos e pelo respeito pelos valores culturais da sua terra, inimigos confessos da especulação imobiliária que sem piedade esmaga os legítimos interesses e direitos das populações, o poder político que os devia defender está refém dos detentores do capital e há muito que dobrou a cerviz ao poder dos especuladores. Resta-lhes continuar a lutar.
Este blogue manifesta desde sempre a sua solidariedade com estas gentes que escrevem uma das páginas mais relevantes da intervenção cidadã da democracia portuguesa. Infelizmente o poder político está autista em relação aos seus apelos.
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