Por absoluta falta de tempo ainda não tive oportunidade de escrever mais detalhadamente sobre o encontro de História do Litoral Alentejano que o centro Cultural Emmérico Nunes em boa hora levou cabo. Pela qualidade excepcional dos participantes tratou-se, sem qualquer margem para dúvidas, da mais importante iniciativa cultural que ocorreu em Sines nos últimos anos. Voltarei ao assunto brevemente.
Ficam aqui alguns registos fotográficos do Encontro e aproveito para chamar a atenção para o facto de este Encontro ter permitido revitalizar - embora por um fugaz instatnte - o Centro Histórico de Sines, chamando a si as pessoas, o conhecimento, a discussão e as ideias à volta das quais elas se reuniram. As pessoas que ocorreram ao Encontro e os participantes que ocuparam o espaço público quase sempre deserto, hoje em dia, animaram o velho e fatigado coração da cidade de Sines.
Ainda por cima as sessões ocorreram em três belos edificios cujo futuro, no caso de dois deles, está ameaçado. Com particular destaque para o edifico dos correios que, por uma criminosa decisão de lesa património público, foi subtraído à sua função, esvaziado e colocado à venda enquanto a instituição se deslocava para uma das novas perifierias a que os "entendidos" em urbanismo chamam centralidades. Sem que dessa deslocalização tenha resultado qualquer benefício para a população, a menos que se cosidere um benefício geral a utilização das actuais exíguas instalações embrulhadas na casca modernaça com que os actuis CTT acham que se devem embrulhar para se sentirem, ou fingirem que são, modernos. Aliás, durante uns breves meses o BPI - uma instituição exemplar na sua acção, ao recusar sair das instalações que ocupa junto ao Castelo apesar dos constrangimentos que o IPPAR lhes coloca, o que chama a atenção para a importância das pessoas que ao nível local dirigem as instituições - colocou em evidência as potencialidades do edificio dos correios.
Bem sei que os CTT colaboraram com o CCEN, cedendo gratuitamente as instalações, mas isso não os iliba de deverem ser criticados pelas decisões profundamente erradas que tomam. Erradas dum ponto de vista que excede em muito a simples equação do deve e haver do negócio da empresa.
Como é do conhecimento geral a autarquia fez uma estupida oposição a esta iniciativa. A auatarquia quer dizer o seu presidente e sendo lamentável que assim seja não é por isso menos rigorosa a afirmação. A Câmara não se sentiu confortável por ter entre si gente como aquela que aqui veio falar da sua investigação sobre a nossa história mais antiga , mais recente ou mesmo sobre a história contemporânea. Foi por essa inultrapassável oposição do "autarca mor do regime" que o Encontro não se realizou no Centro de Artes e foi por essa razão que escapámos a ficar durante estes dois dias fechados na "Urna dos Mateus". Ganhámos todos. Ganhou a cidade, que é uma cidade histórica, com edificios relevantes, com actores importantes ao longo de séculos, como o engenheiro italiano Alexandre Massai, que está, aliás, sepultado no CCEN. A cidade que não é o Centro de Artes, ao contrário da boutade do arquitecto autor do projecto do dito, beneficiou e pudémos constatar que, afinal, o melhor modelo de organização dos trabalhos era mesmo este: de portas abertas para o coração da cidade. O que levou o Luís Arroz - que moderou sábado de manhã a mesa dedicada à História Contemporânea - a salientar que o facto de o encontro não se te realizado no Centro de Artes se ter tornado um, provavelmente involuntário, bom serviço feito à cidade de Sines e à sua zona histórica e a chamar a atenção para a responsabilidade de todos nós na defesa deste património.
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