Durante o debate José Sócrates respondeu apenas ao que lhe interessava. Sempre que a pergunta era mais concreta e implicava uma resposta embaraçadora Sócrates optava, invariavelmente, por ignorar a questão. Claro que no caso do Call Center a resposta do primeiro-ministro não iludiu o essencial da questão, que tinha a ver com o facto, chocante, de a Segurança Social recorrer, ela própria, a empresas de trabalho temporário.
Mas uma pergunta colocada por Louçã foi ignorada por Sócrates, com a desatenção generalizada dos jornalistas embasbacados com o brilhantismo da resposta do call center de Castelo Branco. Louçã perguntou a Sócrates se ele podia garantir que a descida da taxa de juro de referência ia traduzir-se na mesma medida numa diminuição da taxa Euribor. Sócrates fez que não ouviu. A resposta que ele não quis dar apareceu um dia depois. "Euribor agrava-se apesar do corte de taxas na Zona Euro" Pois é, não estávamos perante uma boa notícia para os cidadãos, estávamos perante uma boa notícia para os banqueiros. O controlo da taxa de juro do crédito à habitação exige uma acção política forte capaz de conter e reprimir a especulação. Nada que se possa esperar deste governo.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats