"CDS pede explicações sobre decreto que permite ajuste directo até 5,15 milhões de euros"
E a esquerda nada tem a dizer sobre esta questão? Estão satisfeitos com a medida Socrática de acabar com os concursos públicos e permitir estas adjudicações por ajuste directo? Pretendem usufruir da norma já nas próximas autárquicas, nas confrarias onde exercem o poder?
Que pena que seja o CDS o único até agora a levantar a voz. Mas é um facto, indesmentível.
Afinal a justificação da aplicação desta lei qual é ? Muito simples e muito em voga nos últimos tempos. A excepcionalidade da situação, a famigerada crise, justifica medidas de excepção que ninguém no seu juízo perfeito proporia em tempos ditos normais. Há uma assumida anormalidade normalizada, passe o pleonasmo, pela crise instalada. Muito conveniente.
Mas afinal não era disto que falava Manuela Ferreira Leite quando admitia a suspensão temporária da democracia para permitir viabilzar certas reformas mais impopulares? Pensem lá bem ? Não era ipsis verbis a mesma coisa?
Parece que ninguém deu conta desta semelhança. É o que faz uma boa imprensa, dirão alguns. Recorrendo ao cinismo ímplicito podemos concluir que, pelos vistos, terá sido o que faltou a Kaulza de Arriaga - já sei da diferença fundamental relativa à natureza dos regimes - quando defendeu que a democracia era uma coisa para a qual os portugueses não estavam minimamente preparados.


 

Pedra do Homem, 2007



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