"Jerónimo afirma que PCP será poder “quando o povo português quiser”
esta lapalissada não vale um título mas aquilo que me parece relevante foi o facto de o PCP recusar qualquer tipo de coligações que saiam fora do quadro da sua CDU. Quer para as autárquicas quer para as legislativas o PCP só concorre no âmbito da CDU.
Quanto às movimentações da "união das esquerdas", que conta com o empenho e o entusiasmo do BE e dos sectores alegristas do PS , o PCP foi claro ao recusar esse tipo de "uniões".
Dir-se-á que o fez de uma forma particularmente sectária e dura, sobretudo em relação ao BE, mas o PCP é assim mesmo: implacável para com aqueles que se situam à esquerda e que de uma forma ou outra podem disputar o seu espaço.
Esta situação determina uma clarificação da situação política num cenário pós- eleições. Ninguém - BE e PCP - quer "casar" com o PS de Sócrates, num cenário de maioria relativa deste. Assim sendo, face a este anúncio prévio da posições do BE e do PCP, afinal tão semelhantes e mutuamente influenciadas, muitas pessoas que gostavam de com o seu voto influenciar uma solução governativa mais à esquerda tenderão a, numa situação de potencial impasse governativo, dar o seu voto ao PS. Este é um forte contributo para a maioria absoluta do PS em 2009.
Outra questão que se coloca é dentro das esquerdas que sobram o entendimento que se tem desta questão. O BE - muito condicionado pelo PCP - já excluiu soluções de governo com o PS mas o que pensarão disto os sectores alegristas? Evitariam poder influenciar uma solução de governo mais à esquerda? O problema das alianças nunca se coloca para o PCP - que aliás ao nível local, em situações em que é maioritário, tem uma longa história de alianças com o PSD e uma não história de alianças com o PS - que espera, eternamente se preciso for, pela ocasião em que será o maior partido da esquerda. Mas para o BE não representará a confissão de uma incapacidade não considerar a hipótese de traduzir os votos dos que nele confiarem numa força capaz de determinar um Governo mais à esquerda? Um Governo assente num compromisso político susceptível de ser controlado em termos da sua concretização e desde logo pela feitura do programa de Governo. As duas forças à esquerda resolveram nesta fase final "do campeonato" facilitar muito a vida a José Sócrates poupando-lhe o trabalho de explicar aos sectores mais progressitas do seu partido a razão pela qual não consideraria um acordo de governação à esquerda depoisde 2009. Sócrates agradece.
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