“(…) Nenhuma questão económica afecta tanto as pessoas do que o desempenho macroeconómico da economia. O aumento da taxa de desemprego coloca os trabalhadores em pior situação mas a inflação menor daí resultante torna felizes os que detêm títulos. O equilíbrio destes interesses é, em termos de quinta-essência, uma actividade política, mas tem havido a tentativa, por parte de quantos estão nos mercados financeiros, de despolitizar a decisão, de a entregar aos tecnocratas, com um mandato para prosseguirem as políticas que são no interesse dos mercados financeiros. O FMI tem vindo a encorajar, por vezes mesmo a obrigar (com condição para a assistência), os países a terem os seus bancos centrais concentrados apenas na inflação. A Europa sucumbiu a estas doutrinas. Hoje, por toda a Eurolândia, cresce a infelicidade, pois o Banco Central Europeu prossegue uma política monetária que, apesar de fazer maravilhas para os mercados de títulos ao manter a inflação baixa e os preços dos títulos altos, deixou de rastos o crescimento e o emprego na Europa.(...)"

Quem escreveu isto foi Joseph Stiglitz no seu livro "Tornar eficaz a Globalização" a que nos referimos aqui. O que é extraordinário é que podemos, hoje por hoje, encontrar quem cite Stiglitz com grande fervor o mesmo fervor que durante anos os obrigou a fazerem tudo aquilo que ele criticou. Bom, mas se há quem faça o mesmo com Keynes de que nos podemos admirar?


 

Pedra do Homem, 2007



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