"Benefícios fiscais para mais desfavorecidos são exigência da esquerda do PS".
Esta exigência mínima parece uma confissão da incapacidade dos elementos da ala esquerda do PS - aqueles que não foram absorvidos pelo socratismo e que ainda não se libertaram de todo o lastro de ideias políticas que arrastavam - de influenciarem ainda que minimamente o sentido da governação do PS. Sabe-se que a apresentação de uma simples moção podia custar-lhes a cabeça, leia-se o lugar nas listas, "uma vez que receberam sinais de que tal atitude podia ser vista como um acto hostil a Sócrates", optaram então por uma proposta mínima. Irrelevante como é actualmente a sua actuação dentro do PS. Fingem que o partido se mantêm fiel às suas origens e ao socialismo democrático e recusam ver que Sócrates, com o auxílio, e a orientação, dos ex-comunistas, conduziu um processo de transformação do PS num partido popular, do centro direita, com a sua governação focada na promoção e defesa dos grandes grupos financeiros nacionais e na diminuição do peso do Estado com a consequente transferência para mãos privadas de partes cada vez maiores de sectores como a Educação, a Saúde e a Energia. Claro que esta política é mesclada por iniciativas pontuais de carácter assistencialista que não alteram antes confirmam o carácter promotor do agravamento das desigualdades sociais desta governação.
Por isso a esquerda do PS pode por a viola no saco e nalguns casos - Ana Gomes em especial - dadas as suas posições sérias ao longo da legislatura, irá desaparecer das listas socialistas. Aliás, porque raio iria Sócrates introduzir benefícios fiscais para os pobre se ele no seu imenso poder foi muito mais longe do que qualquer primeiro-ministro alguma vez conseguiu e baixou ele mesmo as taxas de juro de referência do BCE aproveitando o facto de o senhor Trichet estar momentaneamente .... de costas. Se não conseguiu ainda inverter a tendência de subida dos spreads foi porque os banqueiros portugueses, que o conhecem muito bem, nunca lhe darem o flanco mantendo-o sempre debaixo de olho.
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