"Augusto Santos Silva critica “política do quanto pior melhor” da oposição".
Augusto Santos Silva tem fama de ser de esquerda e de pertencer à ala esquerda do partido. Mas, como se sabe e a práctica de Santos Silva confirma, esses tempos já passaram. Agora a sua especialidade é defender o primeiro-ministro e apontar o dedo às oposições e àqueles que criticam o Governo sem "nada de concreto e alternativo" proporem, como ele gosta de dizer. Claro que qualquer proposta que façam nunca é suficientemente "concreta e alternativa" para ser considerada pelo sapiente Santos Silva pelo que as condições se manterão enternamente propíciais ao seu discurso a que alguns chamam de pura propaganda e até caceteiro.
Santos Silva disponibiliza-se para os papéis mais dificieis. Quando do encontro das esquerdas veio manifestar a sua estupefação com o facto desse encontro se fazer à revelia do PS e contra as suas políticas. Aproveitou para criticar a posição de Manuel Alegre que lhe parecia esquecido do carácter das forças em presença aproveitando para lembrar ao poeta que o PS foi sempre o partido da luta pela liberdade. Alegre respondeu-lhe na grande entrvista da RTP com mestria. Nos tempos em que o PS garantiu a liberdade Augusto Santos Silva andava por outros lados no outro lado da barricada.
O que a actuação, quando dispõem de algum poder, de pessoas como Santos Silva me faz pensar é no tipo de sociedade que eles pretenderam construir um dia quando defendiam ideias tão diferentes daquela que é hoje a sua práctica. Talvez, as ideias sejam apenas, para estas pessoas, instrumentais do acesso ao poder para aí poderem fazer aquilo de que mais gostam: ter o poder, serem ministros.


 

Pedra do Homem, 2007



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