Mário Soares critica mediocridade dos líderes europeus face à crise
A situação actual da Europa preocupa-me muito. Porque não vejo que exista um plano comum para vencer a crise e, devido à mediocridade dos líderes que a governam, a UE tende a apagar-se como agente global".
Quem desdenharia subscrever esta declaração política?
O problema é que a declaração de Soares tem implícita desde logo a admissão de diferente níveis de responsabilidade dos diferentes líderes europeus. A mediocridade de que acusa os dirigentes europeus parece excluir alguns cuja responsabilidade na condução dos destinos europeus será menor do que os por ele referidos. Claro que se no caso de Sócrates, apesar do homem se ter colocado em bicos de pés no caso das taxas do BCE, isso é verdade já o mesmo não se pode dizer no caso de Zapatero.
Soares está desde há muito prisioneiro da contradição entre a lucidez com que olha para a situação internacional e em particular para a situação europeia e da aparente cegueira com que teima em benzer, a menos de umas cirúrgicas chamadas de atenção, a gestão socrática em Portugal.
Como será possível articular esta crítica sistemática ao neoliberalismo e enunciar a necessidade de romper com ele com uma pretensa ignorância de que o PS é, para mal dos nossos pecados, um dos partidos socialistas mais à direita no contexto europeu, a anos luz de distância do modelo do socialismo democrático nórdico de matriz vincadamente social-democrática.


 

Pedra do Homem, 2007



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