"Canção dos Xutos e Pontapés está a ser transformada em manifesto contra Sócrates"
A canção-manifesto dos Xutos é além de tudo o mais, que não será pouco, um forte factor de coesão institucional. Sócrates encontrou o seu "Talvez Foder" aproximando-o dessa experiência artística que marcou de forma indelével a parte final do consulado do então primeiro-ministro Cavaco Silva e que, dizem alguns, apressou o seu fim.
O dr. Vital Moreira pode estar descansado que as tentações de Belém rapidamente tenderão a esbater-se. Como muitas relações que se desgastam por falta de interesses comuns a relação entre o Presidente e o Primeiro-ministro pode agora ser reforçada através do efeito terapêutico que as conversas às quintas readquirirão, transformadas nas sessões musicais das quintas. Imagino Sócrates a chegar ao som do "Sem Eira nem Beira" e a entregar a um Cavaco imoderadamente sorridente, sob o efeito benfazejo da canção -manifesto, um DVD com o tema de Abrunhosa cantado perante uma multidão ululante. As conversas a seguir já serão do domínio privado da relação, mas imagino que a dado passo Cavaco não resistirá e perguntará a Sócrates: "Engenheiro, também entrava neste DVD?"

PS1 - lamento a troca do nome da música do Abrunhosa.

PS - as declarações dos Xutos são um pouco apatetadas, em particular as de José Pedro sobre os aproveitamentos políticos da música. Sugiro que façam a doação dos direitos de autor a uma instituição de carácter religioso talvez assim o engenheiro lhes perdoe.
Caso para dizer que a criação ultrapassou em muito os criadores o que neste caso não admirará a ninguém.

Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou bem
.
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar
Despedir
E ainda se ficam a rir
.
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor
.
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir
Encontrar
Mais força para lutar...
.
(Refrão)Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
.
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
.
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar
A enganaro povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar...
.
(Refrão)Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
.
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats