No primeiro debate sobre as eleições europeias, ontem no Prós e Contras, Vital Moreira mostrou que não tem jeito para a função. Habituado a falar de cátedra foi incapaz de argumentar perante os seus adversários e de mostrar combatividade, clareza e convicção.
Paulo Rangel, que não é exactamente um ás nestas coisas, esteve particularmente brilhante.
O começo não augura nada de bom para a campanha do PS. A opção Vital Moreira pode revelar-se um desastre.
A ideia de separar a Europa da política interna num período marcado pela crise é uma ideia que pode ser defendida, com alguma ingenuidade, pela Laurinda Alves e pelo seu nóvel partido, mas, francamente, o PS que governa o país como é que pode defender uma coisa destas?
Vital Moreira tem-se colocado a jeito para muito do que ontem lhe começou a acontecer à esquerda e à direita. Acusa os partidos que criticam a situação da Europa de serem anti-europeístas. Como muito bem lhe lembrou Miguel Portas isso é intelectual e politicamente desonesto já que criticar a Europa actual, a de Durão Barroso, a mais liberal desde o ínicio do projecto europeu, como lhe poderia recordar Mário Soares, é muito provavelmente a melhor acção de um europeísta convicto, de alguém que verdadeiramente ame o projecto europeu. A lógica de Vital transposta para a ordem intrna correponderia a alguém ser acusado de anti patriótico apenas e só por criticar o Governo de Portugal. Uma visão estalinista clássica que em muitos pontos se aproxima da visão do antigamente. Vital Moreira vai ter que rever as suas declarações e a sua forma de intervenção.


 

Pedra do Homem, 2007



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