Miguel Portas critica "demagogia fácil" sobre salários deputados europeus
Em primeiro lugar uma declaração de interesses: voto no BE nas próximas eleiçõe europeias. Votei sempre no PS até à candidatura liderada por Mário Soares, em 1999, e fiz campanha com João Cravinho e José Barros de Moura. Dei por bem empregue o meu voto e tenho de João Cravinho,antes desta sua louvável cruzada contra a corrupção, a ideia de um deputado europeu que tinha uma ideia clara do que era a Europa e de que Europa é que interessava a Portugal ajudar a construir. Quantos deputados europeus ou políticos nacionais saberão, ainda hoje, o que é o policentrismo ou a importância do EDEC e da dimensão territorial da coesão que se pretendia introduzir. Recordo ainda a sua campanha a propósito do Auto Oil 2000 e a sua oposição aos interesses que a Petrogal fazia valer em Bruxelas, com consequências directas na saúde de quem vivia em Sines e nesta área.
Depois disso, em 2004, ajudei a eleger Miguel Portas. Dou por bem empregue o meu voto. Com um único deputado o BE fez muito mais, proporcionalmente, do que os doze que o PS elegeu de que me recordo apenas da acção de Ana Gomes. Necessitamos de mais deputados como Miguel Portas e de menos anónimos como a grande parte dos 2o que PS e PSD elegeram em conjunto.
Mas há diferenças substantivas do domínio da política que fundamentam e legitimam esta opção. De forma sucinta direi que o BE quer uma Europa mais coesa, mais progressista, com menores assimetrias regionais e com menores desigualdades sociais. Uma Europa em que os cidadãos decidam e a política esteja no comando em vez de ser apenas um instrumento ao serviço dos interesses do sistema financeiro. O BE não tem uma posição soberanista como a CDU e não defende a saída de UE. Essa é uma questão importante porque fui sempre a favor da nossa adesão à UE.
Posto isto quero lamentar a forma como o debate europeu tem sido conduzido ou pelo menos a forma como ele "sai nos jornais". O PS e o PSD, disputam um campeonato em que o título é o único resultado admissível e não olham a meios para atingir os seus fins. Com dois líderes, supostamente bem preparados para um debate enriquecedor, optaram pelo pontapé e estalo, com o inenarrável Vital Moreira a fazer um papelote do piorio.
O BE e a CDU parece disputarem o outro campeonato, o de saber quem fica em terceiro ou quarto lugar. Podem dizer o que quiserem mas aquilo que sai nos jornais é apenas a parte que interessa directamente a essa disputa. Talvez por isso a notícia do dia para estas bandas seja a posição populista e demagógica, até ao tutano, de Ilda Figueiredo, a propósito dos futuros salários dos deputados europeus, e a necessidade de Miguel Portas vir desmascarar esse populismo demagógico.
Uma coisa ninguém no seu juízo perfeito entenderá: porque razão a CDU não defende salário igual para trabalho igual entre todos os deputados europeus? E Já agora, o actual sistema com as viagenzitas livres de impostos é mais justo e melhor para o erário público?
Eu voto Bloco e espero que recebam o salário pela totalidade e que sejam pelo menos dois a fazê-lo.


 

Pedra do Homem, 2007



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