José Sócrates não resistiu à escolha dos eleitores
Eu diria que Sócrates não resistiu às suas próprias escolhas e, sobretudo, às opções políticas que fez. Sócrates esqueceu os compromissos eleitorais que lhe permitiram obter a maioria absoluta e governou em nome de uma agenda que visava roubar o centro ao PSD. Esqueceu que chegara a esse lugar em nome da esquerda que ansiava por reformas políticas que permitissem melhorar a sua qualidade de vida e diminuir as desigualdades sociais. Mostrou arrogância e parcialidade, não exibindo uma sensibilidade social e um sentido de justiça social que justificassem a manutenção do sentido de voto dos que o elegeram.
Sócrates governou à direita e durante algum tempo pareceu que a sua base social de apoio se tinha reconfigurado com parte da direita a mudar-se para o apoio ao Governo e o PSD a cair a pique nas sondagens. Mas era tudo instrumental e transitório. Passado o tempo da euforia e chagada a crise a direita retornou lentamente ao seio materno e a esquerda. já cansada da governação de direita. optou entre o BE e a CDU.
Sócrates obtêm uns inenarráveis 26 % , um dos piores resultados da história do PS e o pior resultado em Europeias. O PSD não precisou de crescer muito para tudo isto ser possível. Com este resultado não está em condições de governar o País. Nunca ninguém formou governo com menos de 32% e mesmo somando o PP não chegam a uma maioria absoluta. Mas até às legislativas ainda vai algum tempo e se Sócrates insistir em manter o rumo, a coisa pode melhorar para o PSD e a direita.


 

Pedra do Homem, 2007



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