A exibição do escalpe político de Carlos Pimenta não traz consigo a novidade da última realização de Tarantino. Tanto quanto sei não terá sequer sido exibido o corte do escalpe do político/empresário social-democrata. Ainda bem.
Noutros tempos as convenções partidárias serviam para escalpelizar a situação política e partidária e para debater e decidir as orientações políticas para o futuro. Agora, que as referidas cerimónias se alinharam pelo padrão Enver Hosha, tornaram-se mega operações de propaganda e de exibição de uma completa subserviência relativamente ao querido chefe. Vai-se lá para escutar a palavra do chefe, a palavra que nos redime e nos salva, a verdade dele ou a falta de verdade dos mauzões que querem derrubar o nosso chefe, Deus nos livre. Vai-se lá para que o chefe nos veja e não nos esqueça. Tornaram-se por isso aborrecidas, muitas vezes patéticas, inconciliáveis com noites mal dormidas pelo que os militantes que não descansam adequadamente dormem a sono alto durante os trabalhos ou olham no vazio com ar de quem está com sérias dificuldades em perceber o que se está a passar. Alguém, perante este quadro confrangedor, terá tido a ideia de recorrer aos escalpes. Foi assim que, convenção após convenção, são exibidos aqueles que, outrora perdidos sem a orientação do nosso querido líder, reconhecem, finalmente, que apenas e só a sua sábia orientação política os pode salvar. Normalmente, aqueles que se disponibilizam para serem escalpelizados perante a multidão ávida de troféus são, mais tarde, recompensados sofrendo um significativo upgrade nas suas carreiras. Ora, o empresário Carlos Pimenta não necessita nada dos favores socialistas nem de upgrades para a sua extremamente bem sucedida carreira empresarial. Talvez tenha sido por isso que a tentativa dos socialistas lhe fez tantas comixões na cabeça.


 

Pedra do Homem, 2007



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