PS dispara na recta final e deixa PSD a oito pontos de distância
Voto no BE no próximo domingo. Espero que estes resultados anunciados pelo Público e pelo DN se confirmem num aspecto e se mostrem errados noutro. Explico: espero que a esquerda seja amplamente maioritária no parlamemto e que a maioria absoluta do PS não se concretize, como ambas as sondagens mostram. Desejo que a vitória, expectável, do PS não seja tão significativa como as sondagens dos últimos dias indicam. Espero que nenhum arranjo entre o PS e o PP permita estabelecer um acordo de incidência parlamentar que possibilite a Sócrates governar, mais uma vez, contra aqueles que o elegeram. Essa possibilidade existe com os resultados agora anunciados e como se sabe Sócates nunca se comprometeu com a recusa de uma aliança com o PP.
Voto no BE para que se possa introduzir mais justiça na economia. Não quero a economia na mão do Estado, nem uma sociedade sem iniciativa privada, sem empresas privadas, que hostilize o empreendedorismo. Mas, sobretudo, não quero uma sociedade em que o Estado foi capturado pelos poderosos interesses dos accionistas das grandes empresas do sector energético e do sector financeiro. Uma sociedade em que o Estado se comporta como um servo desses interesses desprezando os direitos das populações, condenadas a viverem sem horizontes e sem perspectivas, condenadas ao fatalismo de viverem no país mais desigual da Europa. Desigual por força da acção do Estado, por força das omissões do Estado. Essa é a prioridade deste momento: romper com a práctica neoliberal que nos conduziu onde estamos e que teve em José Sócrates um primeiro-ministro que seguiu a cartilha com uma desgraçada competência.
Penso que é necessária uma reconfiguração da esquerda. Uma esquerda com menos influência da ala direita do PS, menos servil em relação ao mercado, em relação aos interesses especulativos, mais justa , mais solidária. menos assistencialista. Uma esquerda democrática, preparada para participar no poder, para ganhar e perder eleições, que não queira sair da União Europeia mas não desista de lutar para a transformar, para a tornar mais justa.
Uma esquerda que faça a sua própria evolução e seja menos dogmática na economia.
Há muitas e boas razões para votar no BE. Mas a esquerda que pode mudar o país é plural e não pode dispensar os votos e as energias das centenas de milhares que irão votar no PS. É necessário construir as pontes que possibilitem uma ampla convergência das esquerdas. Baseada na contratualização política, que não abdique dos príncipios. As pessoas estão disponíveis para a contratualização e para a negociação política. Espero que depois de domingo fiquem criadas condições para que essa contratualização seja não só mais fácil como mais inevitável.


 

Pedra do Homem, 2007



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