A propósito do imobilismo e da imutabilidade na política autárquica à portugue, o sociólogo Fernando Ruivo produz uma explicação fraquinha, eu diria equívoca, mas comumente utilizada. Diz ele, citado pelo Público, "que a resistência à mudança não é apenas uma questão política. "É um problema que advém da sociedade portuguesa, não há uma sociedade civil forte, está fechada até às eleições, tal como acontece com as portas dos partidos"
O problema é de outra natureza: não há uma sociedade civil forte porque o poder que se exerce próximo dos cidadãos, por ser um poder fortemente pessoalizado e sem limitações de mandatos ao longo de 33 anos, estabeleceu como objecivo primeiro da acção política a manutenção do poder dos presidentes. Fê-lo com conveniência dos partidos, pagando o custo de alguns dissabores, e interesse evidente dos próprios. Para o conseguir o primeiro método utilizado é a eliminação e diabolização dos actores. Um presidente de Câmara pouco escrupoloso, digamos assim para facilitar, tem poderosos mcanismos ao seu alcance para eliminar , não fisicamente valha-nos isso, os seus futuros/prováveis opositores. E quem são eles: aqueles que se destacam no tecido social, que adquirem protagonismo e que, tornando-se apetitosos para os partidos concorrentes, podem vir a questionar o seu poder. Sem esses, ou com eles enfraquecidos, a sociedade civil estiola e encerra para obras... perpétuas.
Há outras razões concerteza de que a mais chocante é a ausência de controlo político do poder executivo com a anulação das funções dos orgãos deliberativos e fiscalizadores. Refiro-me à assembleia municipal, essa caricatura, muitas vezes grotesca, de uma verdadeiro orgão de fiscalização do poder executivo.
Lamentavelemente do mundo académico e jornalístico nã ovem nada que se aproveite sobre esta questão. Apenas uma conjunto repetitivo de explicações .... fraquinhas. Quem quise saber algo mais pode ler alguns textos exceleentes de José Barros Moura, José Pacheco Pereira e passe a imodéstia alguma das coisas que sobre a matéria aqui fui escrevendo.

PS - Declaração de interesses: sou candidato à Câmara de Sines como independente nas listas do BE.


 

Pedra do Homem, 2007



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