(infografia retirada do jornal i de 3.11.2009)
Tentacular é uma palavra muito utilizada nos últimos tempos. Talvez tentacular seja a palavra que nesta estação -digamos assim - melhor sintetiza o conceito de corrupção. Por isso não podia deixar passar em claro esta feliz imagem do jornal i que, por estar ausente e afastado desta coisa dos computadores, não pude salientar desde logo.
Se ampliar a fotografia verá melhor quem são aqueles que o jornalista colocou nos tentáculos do polvo. Aí encontrará muita gente mais ou menos conhecida mas todos bem sentados á mesa do Orçamento. Confesso que encontrei, inesperadamente, gente conhecida até das políticas domésticas, aqui do burgo, vejam lá onde isto já vai. Alguns dos que lá aparecem subiram muito desde que a militância os levou ao lugar de administradores públicos. Disse militância não disse mérito ou competência. Não poderia dizer tal coisa. Ninguém poderá dizer tal coisa, neste país, na relação - tentacular é a palavra certa - entre o poder político e o poder económico nas empresas que pertencem ao sector empresarial do Estado. Mas, não podemos esquecer as empresas que privatizadas pelo Estado - não vendeu deu aos seus herdeiros, perdão aos seus actuais accionistas, a preços da uva mijona - tendo ficado, além da muito falada golden share, com uma golden influência que abre as portas dos gabinetes mais luxuosos aos que forem bafejados pelo mérito da indicação política. Mérito que é o mérito que conta num país em que uma classe política, no essencial iletrada e incompetente em quase tudo o que ultrapassa a pura politiquice, passa os dias a proclamar que o principal problema do país é a falta de formação e de quadros. Falta de quadros competentes em lugares ocupados por incompetentes e por herdeiros políticos, isso sim. Falta de gente incorruptível em lugares de responsabilidade política e de gestão do interesse público, isso sim. Falta de uma ética republicana na separação da coisa pública dos interesses privados, isso sim.
Cheira muito mal no País. Não é por um qualquer erro processual que o cheiro termina, infelizmente.
PS - claro que existe muita e boa gente na Administração Pública, em lugares de chefia cuja competência, honestidade e comportamento ético é inquestionável. Aqui como em qualquer outra área a generalização é sempre errada. Mas, não sejamos cegos, prolifera uma espécie infestante, digamos assim, cujo perfil não corresponde de todo àquele conjunto de virtudes.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats