Sampaio, de partida, aproveitou o seu último 5 de Outubro para insistir no combate à corrupção. Propôs a inversão do ónus da prova. Esta medida suscitou um coro de protestos legítimos. Faz pouco sentido, mesmo para crimes fiscais. O que importa é afectar os recursos necessários para que cada uma das partes faça o seu papel, em particular as polícias e os tribunais. Por exemplo no combate à corrupção nas autarquias o IGAT e a IGF permanecem na mesma apagada e vil tristeza de falta de meios materiais e humanos e na mesma perversa dependência de uma tutela política. Durante os 10 anos de Sampaio na presidência nada se alterou nesta matéria.
Estou seguro da boa vontade do actual presidente. Mas julgo que ele não representa a vontade maioritária na classe política. Como se verificou recentemente, com a limitação de mandatos, a classe política quando muito está disponível para transferir as mudanças para as gerações futuras e, quando toma decisões, tem as devidas cautelas para que elas só sejam eficazes daqui a dez anos, ou mais, logo se vê.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats