(...) No entanto as políticas de segurança citadina, por um lado só muito parcialmente protegem o direito à justiça dos habitantes dos territórios mais marginalizados e por outro lado têm também efeitos muito perversos. Vamos destacar apenas três desses aspectos:
1 - O seu carácter classicista e racista. Criminalizam-se grupos e territórios como perigosos em termos absolutos. Como referiam os jovens entrevistados no programa Sagacités. Em certas cidades é suficiente ser jovem étnico e periférico para ser considerado pré-deliquente pelas forças da ordem.
2- A mitificação das políticas repressivas sobretudo “made in USA”. Apesar dos estudos recentes, inclusive comparando apenas cidades norte-americanas que praticam políticas distintas, demonstrarem que as políticas tipo “tolerância zero” criminalizam colectivos sociais e étnicos e nem sempre reduzem a insegurança urbana, ou pelo menos, não o fazem mais do que políticas sociais e culturais preventivas. A comparação entre Barcelona nos anos oitenta e a Londres conservadora, de então, demonstra a muito maior eficácia das políticas preventivas. Em Londres durante o governo Thatcher a delinquência urbana aumentou 50%, enquanto em Barcelona reduziu-se na mesma percentagem durante o mesmo período.
3- A incompreensão das dimensões especificamente urbanas da insegurança. Quando, por exemplo se combina um espaço periférico desestruturado, sem espaço público nem equipamentos de qualidade, no qual os jovens não trabalham nem estudam de dia, nem sabem onde ir à noite, se a isso se juntar a presença, entendida como provocadora, da polícia o que é que se pode esperar? (...)


Jordi Borja ."O Espaço Público: Cidade e Cidadania." Barcelona. 2001.


 

Pedra do Homem, 2007



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