É hoje assinado o memorando de entendimento relativo a um projecto de investimento de uma empresa de capitais turcos, ingleses e portugueses da área petroquímica em Sines.
Sobre esta matéria, como sobre todas as decisivas, os nossos autarcas nada dizem. Contam as moedas que sobrarão habituados que estão à contagem das migalhas. Os impactos ambientais, os problemas para a saúde pública, são preocupações de alguns lunáticos, nos quais orgulhosamente me incluo, que não estão preocupados com as chamadas políticas concretas. A chantagem do emprego cala todos os que possam sequer questionar a razoabilidade deste tipo de investimentos e a sua perigosidade para a saúde das populações, que já estão sujeitas à maior concentração de poluição atmosférica e de outra natureza -contaminação dos aquíferos por exemplo devidos às roturas existentes na redes de produtos tóxicos das diferentes unidades com a consequente contaminação dos solos - existente no nosso país, muito para lá daquilo que é tolerável em termos de saúde pública.
Nos útlimos anos Sines perdeu população. As perspectivas do final dos anos 90 evaporaram-se. A evolução da população tem sido negativa. Havia perspectivas no Plano de Urbanização, agora aprovado e já obsoleto, que apontavam para crescimentos da população para níveis entre os 18000 e os 35000 habitantes em 2011, um crescimento notável se considerarmos os 13362 habitantes detectados nos Censos de 2001. A realidade que se encontra no concelho é a inversa com a perda de população a disparar, muito determinada pela perda de emprego e pela degradação da qualidade de vida associada à poluição atmosférica pesada. O PlanoEstratégico que se começou a elaborar no mandato de 1997 a 2001, e que foi para o lixo por decisão política da maioria comunista na autarquia, colocava como principal constrangimento ao desenvolvimento do concelho de Sines a resolução do problema ambiental. A opção vai no caminho da agudização do problema. Este opção é geradora da perda de emprego a curto-médio prazo pois dissuade a criação de emprego qualificado associado às novas tecnologias ou a empresas que utilizem tecnologias limpas cujos quadros recusam viver neste ambiente. A cascata industrial destes investimentos pesados é diminuta e o número de empregos criados por unidade de capital investido baixíssima.
Sócrates vem a Sines pede silêncio e confiança. Muita confiança. Os autarcas estão na terceira fila desejosos de poderem mostar que são muito bem comportados. Esperam um prémio.
Adenda: Este caminho da aposta na indústria pesada mais poluente recupera o modelo de desenvolvimento idealizado antes do 25 de Abril. O que é um anacronismo em termos políticos, e de acordo com os novos conceitos de desenvolvimento regional, mas não deixa de ser uma ironia se pensarmos que ao nível local são os comunistas que lideram este processo com o silêncio cúmplice dos socialistas.
Etiquetas: Poluição.Saúde Pública.