Através do da Literatura tive acesso ao post de Nuno Ramos de Almeida sobre a polémica que durante alguns dias azedou as relações entre Alegre e Jerónimo. A percepção que tive do que se passou, com base na leitura dos jornais, foi que Alegre terá cometido o grave crime de, no arranque oficial da sua campanha junto ao Forte de Peniche, ter citado o exemplo de vários antifascistas que lutaram pela liberdade entre os quais Cunhal e Dias Lourenço. A reacção do candidato do PCP pareceu-me despropositada já que Alegre, ou qualquer outro, tem o legítimo direito de reclamar entre as suas motivações os exemplos que muito bem entenda. Daí a poder afirmar que Cunhal apoiaria a sua candidatura ou com ela se identificaria vai uma enorme distância. Que julgo Alegre não terá percorrido.
O que me chamou a atenção no post - para lá de uma sintética desconstrução da história pessoal de Alegre enquanto antifascista no exílio - de NRA foi a afirmação de que Alegre terá reivindicado Cunhal conta o PCP. Esta afirmação não a percebi mas admito que me escapou alguma coisa na declaração de Alegre que legitimará esta conclusão.
O que não deixa de ser paradoxal é o facto de, na exacta altura em que Cavaco aparece cada vez mais seguro de uma vitória à primeira, dois candidatos à esquerda se ocupem deste tipo de questões. Ao que parece Jerónimo, entusiasmado com a vitória sobre Loução mais do que preocupado com a derrota de Cavaco, aspira agora a recuperar votos perdidos para o poeta-candidato tornando-o um candidato inaceitável para qualquer comunista que se preze, um candidato capaz de se apropriar dos símbolos do partido.

Adenda: não referimos aqui um facto que merece ser assinalado: o aniversário do da Literatura. É um local de visita diária desde que o Duarte fez o link e nos chamou a atenção para o blogue. Muito por força daquilo que ali escreve o Eduardo Pitta que faz deste blogue o mais interessante de todos os que fazendo da cultura o seu objecto primeiro não a separam do mundo ao redor.


 

Pedra do Homem, 2007



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