O Movimento Cívico criado a partir da candidatura de Manuel Alegre e do seu famoso milhão de votos anunciou que não defenderá a despenalização do aborto. A explicação dada por Inês Pedrosa, porta-voz do movimento e ex-porta-voz de Alegre (esta outra história quase parece um folhetim venezuelano), é extraordinária. Inês explicou que "O movimento pretende ser transversal e o aborto não é uma questão de consenso". Por este andar o dito movimento cívico só poderá tomar posição sobre "a vida sexual dos anfíbios", "a reprodução em Marte" ou a "poligamia nas comunidades de baratas" entre outros temas que aparentam ser objecto de um alargado consenso na sociedade portuguesa.
Para que serve então um movimento cívico? Para civicamente se demitir de tomar posição, de participar, em nome de um consenso que é coisa mais politicamente correcta e mais nefasta na sociedade portuguesa? O que é que isto ajuda a qualificar a democracia?
Maus começos que antecipam um triste epílogo.


 

Pedra do Homem, 2007



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