Cavaco Silva fez integrar nas comemorações do 1o de Junho um desfile militar. De acordo com o DN de hoje "O presidente da República pretendeu salientar o empenho dos militares ao longo da história. Destacou a acção da instituição castrense em 25 de Abril de 1974 e em 25 de Novembro de 1975. Daí a democracia, a liberdade, o Estado de Direito, o respeito internacional e a integração europeia. O carácter das Forças Armadas (FA), disse, "justificam o amplo consenso nacional" que têm merecido as questões relativas à sua natureza. É imperativo assim continuar, para garante da necessária coesão interna, exortou."
Ora é exactamente o amplo consenso nacional que importaria verificar e analisar. Que consenso? Consenso à volta dos gastos militares que o patético caso dos F16 veio cobrir de ridículo? Consenso à volta da necessidade de redimensionar as forças armadas e adaptá-las ao nosso estatuto de (im)potência, para citar a expressão do conde do Lavradio referida por Saldanha Sanches no seu artigo do Expresso deste fim de semana?
Que bom que seria que Cavaco Siva tivesse aproveitado a sua iniciativa para defender a necessidade de alterar a estrutura das nossas Forças Armadas apostando em "poucas tropas, profissionais, bem pagas e apenas em áreas específicas", como escreve Saldanha Sanches. Bom mas isso seria provavelmente pedir demais ao Presidente. Pedir aquilo que o seu antecessor, eleito pela federação de todas as esquerdas, nunca quis fazer e aquilo que o primeiro governo com uma maioria absoluta à esquerda não pensa sequer em tentar.


 

Pedra do Homem, 2007



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