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Humor Negro chamamos àquele humor que nos rouba uma gargalhada ao brincar com o lado mais negro da vida. Mas como se chamará àquele humor que parodia a vergonha e o terror da História recente? Chamar-se-á Humor Branco?
Refiro-me ao concurso de cartoons que um jornal muito próximo do actual governo iraniano lançou no passado Verão e cujos trabalhos seleccionados estiveram recentemente em exposição em Teerão. Ao concurso chamaram Holocaust International Cartoon Contest, já que o objectivo era o de satirizar o holocausto e o povo judeu durante a II Grande Guerra como retaliação à publicação das caricaturas do Profeta Maomé. Os concorrentes, ao que parece, foram mais do que muitos e só de fora do Irão chegaram mais de 200 propostas. O prémio, atribuído há poucos dias, foi ganho por um artista marroquino que levou para casa cerca de dez mil euros. Segundo Seyed Masoud Shojai, um dos organizadores, o concurso repetir-se-á anualmente e citando o próprio "até à destruição de Israel".
O Humor Branco, não é humor, dá-se pelo nome de ódio. De uma forma directa, como é o caso, ou de uma maneira mais subtil vai-se alastrando cada vez mais. Os desníveis acentuam-se, a necessidade de exposição também. E há os que o incentivam e esses não deveriam fazer parte de qualquer sombra de humor, esses sim deveriam estar à margem.
Como eu sou optismista, acredito que mais cedo ou mais tarde, assim virá a acontecer.
Ah, mas, o ódio, não reside hoje só nos actos terroristas, nas expressões mais grosseiras da violência, vive também na nossa vida quotidiana, não só por aqueles que são, infelizamente, marginalizados pela sua raça, religião ou condição social, mas também por todos nós, na forma como por vezes vivemos o confronto com os outros. O medo, o desprezo e a indiferença, são, muitas vezes, já consequências disso: desse nó que nos rouba a capacidade de dialogar e que nos menoriza e envergonha.


 

Pedra do Homem, 2007



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