Na política o factor tempo é decisivo. Escrevi por várias vezes que Marques Mendes estava a errar no tempo de pôr fim à situação penosa que se vivia na Câmara de Lisboa, dando por adquirido que a situação na autarquia não se podia resolver no quadro saído das últimas eleições autárquicas.
Finalmente Marques Mendes resolveu colocar um ponto final numa situação, que era cada dia mais insustentável, devolvendo a palavra aos lisboetas. A decisão peca por tardia mas neste caso a tibieza do maior partido da oposição atenua os estragos. Marques Mendes recupera a possibilidade de lutar pela liderança se encontrar um bom candidato. Afinal foi ele que pôs um ponto final na crise.
O desnorte que grassa no PS, e a falta de alternativa credível por esses lados, vão colocar aos lisboetas um problema de dificil resolução. À esquerda do PS o BE - em função sobretudo do desempenho de José Fernandes - tem a oportunidade de se tornar o terceiro partido na maior autarquia do país e o PCP - com o cinzento desempenho de Rubem de Carvalho e a relutância quanto às eleições - pode passar para trás do BE, a mais insuportável das derrotas.
Aposto que o PCP vai forçar aos limites uma coligação à esquerda a partir das posições relativas que resultam das últimas autárquicas e que o BE não terá particular interesse nisso. O PS tem um candidato diz Miguel Coelho: é altura de tirar o coelho da cartola.
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