Fátima Campos Ferreira esteve magnânima no Prós e Contra dedicado às eleições: ninguém ficou sem o seu sagrado direito a "repicar" os ataques alheios.
O debate inscreve-se no contexto do que escrevi atrás. Todos a fugirem de responsabilidades na gestão dos últimos seis anos. Mesmo o PSD eo PP. Todos a virarem as costas às responsabilidades no estado a que a cidade chegou: do PS ao PSD. Claro que, na anterior autarquia, o BE e a CDU pelo seu posicionamento nos dossiers mais polémicos relativos ao urbanismo - a grande fonte de corrupção e de desgoverno da cidade - não podem ser chamados à colação no que às responsabilidades diz respeito. O mesmo não se poderá dizer do PS e daí, em parte, as opções de Costa na escolha da equipa.
Alguns exemplos: o Plano da Baixa-Chiado o melhor que conseguiu foi uma declaração de que pode ser um bom instrumento de trabalho para o futuro. Ora este Plano- sem ofensa para os Planos Urbanísticos - foi aprovado pela anterior autarquia com os votos a favor do PS. Ora este Plano era a "obra do regime" com Maria José Nogueira Pinto na condução política e Manuel Salgado na condução técnica. Ora Manuel Salgado passou, via candidatura de António Costa, para a condução política do urbanismo e MJNP vai passar, pela mesma via, para a condução técnica. Ora o PSD está contra a circular das colinas e o estacionamento sob a Praça do Comércio que são peças fundamentais do Plano que o PSD aprovou. O memso se pode dizer do PS. Ora este Plano foi elaborado à revelia de qualquer participação dos cidadãos. Alguns criticaram o facto de o Plano da Baixa Chiado não dar qualquer resposta à questão da habitação. Falso: dá resposta à habitação para o segmento mais elevado da procura, aqueles que, segundo Augusto Mateus, terão dinheiro para aí viverem. Lembam-se da célebre declaração ao Expresso: A Baixa não é para todos.
A Frente Ribeirinha. Todos querem devolver a gestão dos espaços urbanos integrantes da frente ribeirinha à autarquia. Mas, quer o PSD quer agora o PS não promoveram enquanto Governos esta alteração. A Administração do Porto de Lisboa é uma expressão na cidade da vontade do Governo. As construções na frente ribeirinha - não aprovadas pela autarquia - são uma expressão práctica da vontade urbanística do Governo para esta parte da cidade. Todos estão contra, até António Costa, recem saído do Governo que tutela a APL. Mas quem admite impedir novas construções e até implodir algumas em curso, como aquela no Cais do Sodré que amputa parte da magnífica vista que se tem quando se desce a Rua do Alecrim? E o hotel junto à torre de Belém de cuja autoria Miguel Sousa Tavares acusou Manuel Salgado?
Os transportes. Todos querem melhorar os transportes. Todos querem melhorar a circulação urbana. Estão certamente a concorrer ao orgão errado. A Câmara de Lisboa não manda em nada. A Carris nem responde às críticas da auatarquia aos seus Planos de Circulação. Quem manda na Carris é o Governo. Quem manda nos comboios é o Governo.
Ma o probema dos transportes e da circulação urbana resolvem-se quando a cidade recuperar os 300 mil habitantes que perdeu ao longo de 30 anos. Até lá nunca se resolverão mesmo que a situação possa melhorar. Não se ficou a saber porque razão os candidatos que já estiveram no Governo não lutaram por esta alteração da situação e ficou por saber como vão actuar no futuro.


 

Pedra do Homem, 2007



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